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Tipos de famílias que podem empurrar para a dependência química
Publicado em: 29 de abril de 2020

Atualizado em: 30 de abril de 2020

Tipos de famílias que podem empurrar para a dependência química

Como o fator social, família, amigos e pessoas que convivem, influenciam no desenvolvimento da dependência química, com toda certeza há famílias que empurram o dependente químico ao uso compulsivo para tentar fugir da realidade e tentar ser feliz o tempo todo. Desistir de fazer parte desta família emocionalmente doentia e encarar a vida de forma compulsiva e prazerosa 

Há certos tipos de famílias que podem ajudar a empurrar a pessoa para a dependência química. Vamos então estudá-las:

Crescer numa família abusiva

Todas as crianças que crescem dentro de um sistema adictivo, crescem dentro de um sistema abusivo. A dependência química é uma forma de abuso em relação à criança porque põe obstáculos ao seu desenvolvimento. As necessidades do dependente químico passam à frente das necessidades de desenvolvimento da criança.

Distingo duas categorias de abuso: o abuso intencional acontece quando uma pessoa magoa intencionalmente os outros, e a pessoa se arrepende depois ou não. O abuso intencional pode ser físico, verbal, emocional ou sexual. 

O abuso não intencional é devido a acontecimentos tais como crescer numa família dependente química, a morte de um dos pais quando a criança ainda é pequena, a pobreza e outras ocorrências que sucedem por acaso. As pessoas não podem escolher a família em que nascem. Nesta seção, vamos analisar principalmente o abuso intencional e como ele impele as pessoas a formarem relações dependente químicas.

Se for educado numa família onde existe abuso físico, emocional, verbal ou sexual, você aprende que você não conta. As suas necessidades não são importantes. Importantes são as necessidades do pai abusador ou da mãe abusadora. As suas necessidades como criança de ser protegida, receber amor e alimento espiritual, ser tratada como ser humano – são postas de lado. 

As necessidades do pai ou da mãe abusadores vêm sempre em primeiro lugar. Ensinam-lhe que é apenas um objeto, um objeto que está a ser usado para satisfazer as necessidades individuais de outra pessoa. Desta forma, está aprendendo o processo de objetificação que faz parte da dependência química. 

Os dependentes químicos tratam os outros como objetos, e é exatamente isso que acontece à criança num lar abusivo. Não tem importância o fato de o abuso ser cometido contra si ou se é obrigado a assistir a outras pessoas serem vítimas de abusos.

• Se for educado numa família em que o pai dá surras à mãe ou numa família em que a mãe dá surras (porrada) ao pai, é obrigado a ver pessoas tratarem outras como objetos e não como seres humanos. A sua humanidade está sendo negada. Ensinam-lhe que as pessoas são objetos para serem usados e manipulados em benefício próprio. Ensinam-lhe que as pessoas devem ser controladas. Isto terá um impacto muito importante no desenvolvimento do seu Eu. Está sendo ensinado que o seu Eu não conta. Com o decorrer do tempo, irá desenvolver uma baixa autoestima e pouca confiança em si.

Também lhe ensinam através do exemplo a ter um deficiente controle dos impulsos. A dependência química é uma doença do controle dos impulsos. Ao observar os seus pais começarem a bater, gritar ou abusar sexualmente dos outros para dominarem a sua angústia emocional, você aprende a ser indisciplinado quando se tratar dos seus próprios impulsos emocionais. Ensinam-lhe a reagir; irá percorrer a sua vida, não com um sentimento de consistência, mas esperando que as coisas aconteçam de forma que possa reagir contra elas. Aprende, não a tomar iniciativas, mas a esperar que as coisas aconteçam.

Crescer numa família abusiva, também lhe ensina a desconfiar das pessoas. As pessoas abusivas são pessoas perigosas. Podem provocar e provocam um grande sofrimento nas outras pessoas. A nossa confiança desenvolve-se dentro da família; se crescer numa família na qual o maior perigo para si decorre da própria família, onde é que irá desenvolver a sua confiança? 

O pai e a mãe têm obrigação de oferecer aos filhos um ambiente de segurança em casa onde possam desenvolver. Todos nós temos impulsos violentos. Ao observarmos os nossos pais controlarem ou não esses impulsos, aprendemos a forma de lidar com os nossos próprios impulsos violentos. 

O pai e a mãe têm obrigação de ser tão honestos e dignos de confiança quanto lhes for possível; se os seus pais são as duas pessoas no mundo em quem deveria poder confiar mais e brigam um com o outro e abusam de si, então em quem poderá ter confiança?

Confiar ou não confiar é uma questão para a qual obtemos resposta enquanto novos e no que aprendemos na nossa casa. Faz parte da linguagem que aprendemos; faz parte da visão do mundo que nos oferecem. Mais uma vez, o mais triste ao crescermos num lar em que há abusos é que, quando chega à altura de partir, procuramos geralmente pessoas com a mesma concepção do mundo e que falem a mesma linguagem.

Assistir aos membros de uma família destruindo o corpo e a alma uns aos outros é extremamente doloroso. O sofrimento é um ingrediente essencial do processo da dependência química.

• Eis um jovem indo embora de um lar em que se cometem abusos. Foi tratado como um objeto durante anos. Aprendeu a ter pouco controle dos seus impulsos. Ensinaram-lhe a desconfiar das pessoas e levar consigo uma enorme carga de sofrimento psicológico. Está preparado para o tipo de promessas que a dependência química contém e para o alívio que a alteração de humor oferece.

Para mim, constitui uma surpresa o fato de nem todas as crianças saídas de famílias em que há abusos criarem adicções.

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A negligência é também uma forma de abuso, mas vamos analisá-la em separado porque pode representar uma forma de abuso mais sutil. As pessoas que são educadas numa família negligente muitas vezes não veem a si próprias como sendo vítimas de abuso. Crescer numa família em que há negligência tende a deixar as pessoas emocionalmente subdesenvolvidas.

Para que uma criança se desenvolva é necessário informação, interação e alimento espiritual. Nas famílias negligentes as crianças não recebem isto. Ocupam espaço, mas nunca têm a certeza de serem especiais, nem nunca têm a certeza de serem importantes. O Eu no interior destas pessoas torna-se subdesenvolvido. A sua autoestima não se desenvolve até atingir um nível saudável. Assim, as pessoas deixam os lares em que existem negligências mais susceptíveis de serem atraídas pelo elemento sedutor que se encontra no processo da dependência química. Os acontecimentos intensos, as pessoas fortes e os objetos potentes são tendencialmente, elementos sedutores para elas. É como se essas coisas ou essas pessoas detivessem uma verdade à qual os outros se querem agarrar; é como se essas pessoas ou esses objetos pudessem preencher um vazio.

Muitas pessoas que foram educadas em famílias negligentes aprenderam a ser passivas, a sentir-se interiormente mortas, e irão frequentemente procurar alguém ou alguma coisa que as façam se sentirem vivas. Têm tendência a despertar poder nos outros e nos objetos e a ver poder neles, mas não em si próprios. Um rapaz foi educado numa família negligente e tem uma dependência ao jogo. Explicou que aquilo de que gostava na sua dependência era como se sentia vivo ao praticá-la. Costumava pôr camisas coloridas; ia às corridas e sentia-se vivo e seguro de si, depois do que tinha de voltar aquilo a que chamava o seu “mundo interior aborrecido e vazio.” Era quase como se a sua dependência lhe permitisse fazer um intervalo na passividade que tinha aprendido na sua família de origem.

A dependência química, tal como a negligência, é um problema relacional. As pessoas que são educadas numa família passiva e negligente têm mais probabilidades de seguir os outros e de procurar pessoas que lhes digam como agir. Procuram a vida e a excitação que estiveram ausentes ao crescerem. Na dependência química, há a alteração do humor que produz um sentimento de se ter razão e de excitação. O dependente químico caracteriza-se, muitas vezes pela excitação e por estar sempre convencido da sua integridade. As pessoas que são educadas em lares onde existem negligências são muito sensíveis a este falso sentimento de confiança e excitação. Ficam bastante deprimidas quando acabam de atuar nos sentimentos e a sua passividade volta.

São as famílias que tornam as pessoas dependentes químicas?

Famílias desaprovadoras

A família desaprovadora é aquela para quem os seus membros nunca fazem nada certo ou suficientemente bem.

• Há famílias em que a criança chega a casa com cinco notas boas e uma nota baixa no boletim e se limita a ouvir um discurso sobre a necessidade de ser mais aplicada se quiser progredir. “Lembre-se que há um mundo difícil lá fora.”;

• Há famílias que adotam os olhares reprovadores, as reticências, as humilhações, os longos dias de silêncio total por causa de um comportamento que não foi totalmente satisfatório;

• Há famílias cuja troca constante quase alcança a tortura emocional;

• Há famílias em que uma criança nunca se sente segura.

As famílias desaprovadoras são aquelas cujos membros são ensinados a não tomar responsabilidades; produzem uma grande quantidade de dependente químicos porque ensinam às crianças o processo da dependência química. Um dos principais subprodutos da dependência química é a vergonha; outro é não se tomar a responsabilidade pelas ações e atitudes próprias. As famílias desaprovadoras vitimam os seus membros de forma rotineira e sistemática; desta forma, os membros da família são ensinados a serem vítimas ou a fazerem dos outros vítimas.

As famílias desaprovadoras fazem com que os seus membros fiquem emocionalmente cheios de raiva e, ao mesmo tempo, adquiram um profundo sentimento de tristeza. Os membros da família são ensinados a não serem vulneráveis porque a vulnerabilidade toma a pessoa acessível ao ataque. As famílias desaprovadoras incitam os seus membros a serem perfeitos – perfeitos anjos ou perfeitos pecadores. As famílias desaprovadoras ensinam aos seus membros que não devem ser “apanhados no meio”, porque estar no meio, de acordo com as suas teorias, é como estar no centro de um quarto cheio de inimigos, significa que se pode ser atacado por todos os lados. Portanto, os membros da família voltam às costas a uma parede e esperam por serem atacados. As pessoas educadas em famílias desaprovadoras querem ficar nos restaurantes de costas voltadas para a parede, só assim se sentem completamente seguros.

Os membros das famílias desaprovadoras sentem a tensão do seu sistema familiar, isto se traduz muitas vezes numa desconfiança generalizada a todos os seres humanos.

Uma garota, educada numa família em que a desaprovação era recorrente, afirma que a única razão porque ainda está viva é por causa do afeto e da amizade demonstrados pelo único membro da família que não a envergonhava – o cão da família que era o único com quem podia falar, chorar e que, apesar disso, continuava a aceitá-la. 

Deu-se um fato interessante quando descobriu numa sessão de família com os irmãos que três de entre os quatro tinham tido uma relação idêntica com o cão da família. Isto é um exemplo da grande desconfiança em relação às pessoas que pode ser induzida nas crianças educadas numa família desaprovadora. Desta forma, os membros destas famílias podem desenvolver uma vida secreta, um lado secreto só deles; isto ajuda a impeli-los para o processo adictivo. 

Todos os dependentes químicos têm uma desconfiança generalizada em relação às pessoas e conservam um lado secreto só deles. Os dependentes químicos estão envolvidos em comportamentos que não desejam contar aos outros.

Envergonhar uma pessoa é abusar dela, mas como este comportamento não inclui gritar, bater ou abusar sexualmente da pessoa é muitas vezes considerado aceitável. Quando os membros de uma família desaprovadora se encontram com pessoas que pertencem a famílias que não têm esse costume em relação aos seus familiares, dá-se frequentemente uma espécie de choque cultural. 

Aquelas pessoas podem agir de uma forma que pensam ser perfeitamente normal, mas, no entanto, os outros ficam aterrados. Embora todos nós já tenhamos passado vergonhas, envergonhar alguém não é normal – é colocar 

uma pessoa abaixo para ter um sentimento de superioridade. É um ataque ao Eu da pessoa. 

A parte mais perigosa do ritual desaprovador é que ele é quase sempre realizado com o pretexto de ajudar ou em nome da honestidade. A pessoa que envergonha os outros raramente se responsabiliza pela maldade do seu comportamento. Tal como no exemplo anterior a respeito do boletim de notas, os pais pensarão provavelmente a seu próprio respeito que tentam ajudar e fazer progredir os filhos. Se lhes chamarem a atenção para o seu comportamento, a maior parte das vezes recusarão ver a sua mesquinhez.

As crianças de famílias desaprovadoras muitas vezes acreditam que são más e que são responsáveis pela infelicidade dos pais. As crianças acham que isto é o pior erro que podem cometer. Passará a ser o seu maior segredo – se as pessoas realmente me conhecessem, não gostariam de mim – e desenvolvem um estilo de vida destinado a provar que são más pessoas ou um estilo de vida baseado em manter a sua vergonha secreta para todos. 

Serão elas os adultos que se sentem totalmente esmagados ou que estão sempre na defensiva fazendo qualquer coisa ruim ou alguém que aponta um erro que tenham cometido. São candidatos perfeitos para a dependência química. Possuem a raiva e o sofrimento profundo para os quais é necessário alívio. Desconfiam das pessoas e encontram conforto nas relações com objetos. Aprenderam a não se responsabilizar por nenhuma das suas ações negativas: se o fizessem, isso significaria que eram pessoas “más”.

Famílias inconsistentes

Crescer numa família em que um ou ambos os pais são loucos ou se comportam como tal é, com frequência, como tentar jogar bola de gude no convés de um barco em movimento. Como as regras, comportamentos e formas de ver o mundo mudam quotidianamente, não há nada a que a criança se agarre e de que alimente o seu espírito de forma a desenvolver-se. 

As crianças precisam de consistência na sua vida. Nas famílias emocionalmente inconsistentes, aquilo de que a criança está privada é da oportunidade de ter uma relação consistente. Em alguns dos outros tipos de família que observamos existe uma relação consistente; mas pode ser uma relação consistentemente má e doentia.

 A família emocionalmente inconsistente nunca permite que se forme uma relação com alguma profundidade todas as tentativas para que isso aconteça são sabotadas. As pessoas que vêm deste tipo de família sentem-se quase sempre inseguras das suas capacidades sociais e de relacionamento. Têm tendência a serem pessoas muito dependentes. É como se estivessem amarradas à busca dos pais que nunca tiveram. Desta forma, sentem-se atraídas pela consistência que se encontra na dependência química.

Os dependentes químicos sabem sempre onde se encontra o seu objeto, sua droga. Essas pessoas são atraídas pelo sentimento de segurança e de confiança que muitos dependentes químicos sentem ao atuar nos sentimentos, especialmente nos estágios iniciais do processo compulsivo.

Essas pessoas são também sensíveis à pressão dos seus iguais. Se acabarem por se juntar a um grupo em que ser dependente químico a uma droga ou a um acontecimento compulsivo é a norma, é provável, que se tornem dependente químicos também.

As pessoas educadas em famílias inconsistentes parecem sofrer de um sentimento de solidão muito profundo. Foram ensinadas a não confiar nem contar com as pessoas. Anseiam por contato e intimidade com as pessoas, mas também desconfiam delas. Como noutro tipo de famílias, isto influencia os seus membros a terem relações com drogas ou acontecimentos doentios em que encontrem a ilusão de se realizarem.

Os pais inconsistentes dizem frequentemente aos filhos que o seu comportamento é normal e que o resto do mundo é que é doido. A criança é ensinada a não acreditar, nos seus sentimentos ou na sua intuição. Os seus sentimentos podem dizer-lhe que o que se passa na sua família não é normal, mas os pais dizem-lhe continuamente que não se passa nada de mal. Assim, são forçados a escolher entre os pais e eles próprios.

Neste gênero de situação, as crianças muito novas escolherão a versão da realidade dada pelos pais, pois que a sua sobrevivência depende disso. Isto os ajuda a não dar pelas inconsistências que se encontram na dependência química. 

Um paciente que, vinha duma família muito louca e inconsistente, contava como se sentia atraído pela consistência que encontrava no alcoolismo e como as crises periódicas que tinha de aguentar nunca o tinham preocupado por serem muito menos frequentes e nunca terem a mesma intensidade das que eram habituais na sua família. Não se assustava demasiadamente com as suas periódicas perdas temporárias de consciência, que não tinham comparação com a ocorrência um pouco rotineira de, ao chegar em casa, encontrar a mãe que tentava sempre se matar.

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Morte de um membro da família

Trabalhamos com um grande número de dependentes químicos cujo pai ou mãe morreu quando eram muito novos ou que tiveram o pai, a mãe ou um irmão com uma doença crônica enquanto cresciam. 

Embora muitas vezes as famílias possam dar muito amor e alimento espiritual, parece haver qualquer coisa neste tipo de problemas que empurra a pessoa para o processo da dependência química.

Muitas destas famílias também acabaram desenvolvendo uma “regra do silêncio” em relação à doença crônica ou ao parente falecido. É como se o luto não fosse permitido. Como resultado, os membros da família nunca aprendem a expressar ou a soltar os seus sentimentos de frustração, ou de perda. A dependência química parece oferecer-lhes uma forma de escape ou uma forma eficaz de adormecer os seus sentimentos.

Conclusão

Não estamos descrevendo as causas da dependência química. Estamos descrevendo tipos de famílias em que os membros parecem ter níveis mais altos de dependência química. De modo geral percebemos que devido ao fardo familiar, nestas circunstâncias, que os membros da família suportam, poderá haver uma menor energia positiva.

Especialmente em famílias que têm uma pessoa com uma doença crônica, parece acontecer que uma grande parte dos recursos emocionais da família são gastos a lidar com a doença, de uma forma muito semelhante a crescer numa família dependente química. 

A dependência química oferece a estas pessoas outra maneira de lidar com a situação. Nosso dever é avaliar nossas famílias, nossa participação nelas, na sociedade e fazermos uma reflexão que tipo de ambiente estamos convivendo, se você esta em alguma destas famílias, precisamos tomar alguma atitude. Procure ajuda, estamos aqui por vocês. 

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