Hoje dissecarei mais um pouco desse tema dentro da saúde mental, que é o tratamento psiquiátrico, no que ele consiste, formas de tratamento, quando se faz necessário o tratamento e outras dúvidas serão respondidas.
Explicarei o que de fato é um tratamento psiquiátrico, e o que os diferentes tipos de tratamentos tem a oferecer, como funcionam esses tratamentos.
Tudo o que relatarei aqui partirá de minha experiência à frente da clínica recanto, no tratamento de dependência química e tratamentos psiquiátricos, bem como de estudos na área da saúde mental e de minha prática psicanalítica, que me capacitam para lhe explicar como realmente funcionam as pequenas etapas que compõem todo esse processo.
O que é o tratamento psiquiátrico?
Se você já se perguntou o que seria um tratamento psiquiátrico, não se preocupe, pois, irei explicar agora, o tratamento psiquiátrico, é um tipo de tratamento que busca ultrapassar os sintomas dos transtornos mentais, e dar uma nova condição de vida aquela pessoa.
A forma como isso é feita pode variar de acordo com o tratamento empregado, mas os tratamentos têm os mesmos objetivos de aplacar os sintomas dos transtornos e dar autonomia a pessoa, para que possa viver de maneira integrada a sociedade, sendo um dos meios mais comuns de fazer isso o tratamento psiquiátrico.
No tratamento psiquiátrico, há um equilíbrio entre o uso de terapia e o uso de medicamentos para o controle dos sintomas, impedindo que o quadro se agrave e se desenvolvam mais comorbidades.
Para que serve a internação psiquiátrica?
Primeiramente, é preciso entender o que é uma internação psiquiátrica, para depois avançarmos para o que ela serve.
A internação psiquiátrica consiste num tratamento para as pessoas que possuem transtornos mentais, distúrbios, comorbidades e alguns casos de dependência química, que busca retirar as pessoas do estado desesperador e de crise em que se encontram, onde ficaram internados num hospital psiquiátrico.
Eu sei muito bem como isso pode soar, mas nosso objetivo não é prender e sim reabilitar a pessoa para novamente integrar a sociedade, pois ela só chegou até esse ponto, pois estava apresentando um risco a sua própria vida e a vida dos outros ao seu redor.
No hospital psiquiátrico onde se encontrará, possuirá atendimento 24 horas e todos os dias da semana por um médico, com alimentação e medicação acompanhadas de diversas atividades, supervisionada por uma equipe multidisciplinar especializada em saúde mental.
O foco dessa equipe é trabalhar junto ao paciente e de sua família, visando o melhor desenvolvimento do tratamento para que sua melhora aconteça naturalmente e possa ser novamente inserido na realidade da sociedade.


Como funciona a internação psiquiátrica?
Esse tipo de internação se caracteriza quando a situação médica do paciente, por diversas razões, exige que o tratamento seja feito em um ambiente diferente que supra as suas necessidades.
No caso de problemas clínicos ou cirúrgicos o hospital se adequa a essas funções e disso você já sabe, mas assim também é para os casos psiquiátricos, porém não no mesmo tipo de hospital, existem clínicas hospitalares especializadas no assunto, no tratamento psiquiátrico que suprem essa demanda tão carente.
Se você ainda pensa naquela internação antiga dos sanatórios, onde a entrada ali se considerava o fim para a pessoa e viveria ali para o resto de sua vida, se acalme que graças a reforma sanitária brasileira no fim da década de 1970, a conferência nacional de saúde de 1986 e a constituição de 1988 e as leis seguintes de saúde mental as coisas estão bem diferentes.
Diferente como? Você pode perguntar, agora a internação é um meio para o atendimento hospitalar especializado e que por muitas vezes é a última barreira na luta entre a vida e a morte daquela pessoa, e que a internação faz parte de uma indicação médica.
Um dos processos para que seja feita a internação é a emissão de um laudo que atesta a necessidade daquela pessoa de um tratamento especializado de internação numa clínica que siga os protocolos e padrões médicos.
A internação psiquiátrica é um caminho para aqueles que achavam que não teriam mais solução, contudo com essa chance que lhes é dada, podem novamente viver com suas famílias e amigos.
Como é feita a avaliação com psiquiatra?
Desde a primeira consulta com o psiquiatra, ele deve considerar se é necessário um tratamento psiquiátrico e de que tipo esse tratamento deve acontecer, incialmente ele procurará entender as necessidades do paciente e do que será necessário.
Coisas como diagnósticos anteriores, diagnóstico atual aparente, condição de saúde física e emocional do paciente, seus fatores de risco, tudo isso deve ser levado em conta para indicar se há ou não necessidade do tratamento psiquiátrico.
Se o paciente já for um portador de algum transtorno mental mediante a algum diagnóstico anterior, ele analisará o histórico daquele paciente e aquilo que ele pode analisar de sua situação atual para embasar sua decisão.
Agora se o paciente não possui diagnóstico nenhum e é sua primeira consulta com um psiquiatra, o psiquiatra precisará considerar a saúde física e emocional do paciente, bem como se há fatores de risco, como: exclusão social e solidão, dependência química, discriminação, relacionamento ruim com a família, rápidas mudanças de comportamento social, entre outros.
Essa análise se o caso for grave e aparente pode acontecer logo na primeira consulta, e o psiquiatra constatar que há sim a necessidade de um tratamento, porém em alguns casos pode demorar mais um pouco para se constatar, o tipo de tratamento psiquiátrico é sugerido pelo mesmo psiquiatra, se possível indicam mais de uma opção, mas pode acontecer de indicar apenas um tratamento específico.
Quanto tempo demora uma consulta com o psiquiatra?
As consultas psiquiátricas duram em torno de 45 minutos cada, porém as primeiras consultas tendem a se postergar mais, podendo ter até 90 minutos (uma hora e meia) de duração, devido a realização da anamnese, que é o momento em que se colhe as informações da história e experiências do paciente.
Em quais casos é recomendado a internação psiquiátrica?
Como mencionado anteriormente, nos casos em que a pessoa necessite urgentemente de tratamento, pois se encontrar em um estado de crise que apresenta riscos a si mesmo e a aqueles próximos, em casos como esse que geralmente é indicado a internação psiquiátrica,
Casos graves dependência química, onde a pessoa não consegue mais conviver minimamente sem a droga, pacientes em estado de crise psicótica, de descontrole emocional tremendo, são algumas das circunstâncias que podem se enquadrar na descrição.
Há também a possibilidade de casos não tão graves, mas que necessitem de um afastamento social temporário, para que haja a recuperação e posteriormente a reabilitação desse paciente.
Quais são os tipos de internação psiquiátrica?
Atualmente há três tipos de internação que são permitidos por lei no brasil, sendo elas a internação voluntária, internação involuntária e a internação compulsória.
Independentemente do tipo de internação, todas as três só podem ser realizadas após a apresentação de um laudo médico que comprove a necessidade desse tipo de tratamento e explique que motivo seria esse.
Internação voluntária
Na internação voluntária acontece através do consentimento do próprio paciente, ao assinar um termo de livre e espontânea vontade para que seja internado numa clínica de tratamento, e como dito acima é preciso um laudo médico para que a pessoa possa realizar esse tipo de ação.
Para alguns de vocês pode parecer estranho que o paciente expresse sua vontade e peça pelo tratamento, e isso acontece pelo estigma que há na sociedade sobre esse tipo de problema, aquele que sofre de transtorno mental não é louco, apenas precisa de tratamento.
Internação involuntária
A internação voluntária ocorre quando, mesmo mediante ao laudo emitido a pessoa não se vê na necessidade de se internar, mas continua causando danos a si e a sua família e companheiros, então alguém da família ou responsável por ele, intervém e realiza a internação sem o consentimento da pessoa.
Tal procedimento é respaldado por lei, pois é considerado como uma intervenção para parar o risco de morte que aquela pessoa se impõe.
Geralmente esse tipo de internação é indicado para pessoas com algum tipo de prejuízo cognitivo ou possui dificuldade em expressar sua vontade e se caracteriza como dependente ou quando como citado acima mediante a laudo médico, a pessoa se recusar a ir, mas a família deseja tal procedimento.
É importante colocar aqui que nesse tipo de internação deve haver uma comunicação num prazo de 72 horas ao ministério público, assim quando a pessoa receber alta.
Internação compulsória
A internação compulsória se difere da involuntária, pois é uma decisão que parte da justiça, se baseando no laudo baseado e apresentando um pedido para a justiça, um juiz pode determinar a necessidade do tratamento, contrariando as vontades do paciente.
Essa internação ocorre, em geral, nos casos mais específicos, pois a justiça se baseia que ele pode causar muitos danos a sociedade se continuar do jeito em que se encontra, fazendo necessário uma intervenção imediata.
Quanto tempo dura uma internação psiquiátrica?
Não um tempo pré-definido para todos os casos em geral, cada caso é analisado individualmente, o médico e a equipe de profissionais que acompanham o paciente é podem realizar uma previsão inicial de quanto tempo irá durar o tratamento.
Essa previsão se baseia na análise dos fatores do paciente, fatores biológicos, sociais e psicológicos, bem como se possuía algum fator de risco, a resposta do organismo ao tratamento até o momento, para se realizar o diagnóstico.
A previsão do tempo de tratamento pode ser mudada de acordo com a progressão de tratamento, para um tempo menor se a progressão for boa ou um tempo maior se a progressão estiver sendo restringida em algum aspecto.
Em casos de internação voluntária o paciente pode suspender o tratamento, caso não o deseje mais, porém a família pode entrar com um pedido de tratamento involuntário ou compulsório para completar o tratamento.
Na internação involuntária apenas o médico que acompanha o paciente pode interromper o processo de tratamento caso veja necessidade.
Internações compulsórias tem prazo definido pelo juiz em acordo com o laudo apresentado pelo médico, e só pode ser interrompido mediante outra ordem judicial.


Qual o valor médio de uma internação em clínica psiquiátrica?
O preço de uma clínica psiquiátrica pode variar muito de acordo com certos fatores, como a infraestrutura apresentada; como quadras, condição dos quartos, academia etc.
Outros fatores importantes são o tamanho da equipe multiprofissional, as despesas com alimentação e medicamentos do paciente, tempo de tratamento, se possui plano de saúde e principalmente de acordo com o plano de tratamento de cada clínica.
Quanto a uma média concreta de preços é difícil saber precisamente, pois ainda não foi realizada uma pesquisa de estudo comparando os serviços e preços em todo o brasil, o que existem são pesquisas menores e de âmbito especifica.
Por exemplo num trabalho de dissertação de mestrado de autoria de Laíse Sofia de Macedo Rodrigues, compara os preços de internação em clínicas psiquiátricas em casos de esquizofrenia em minas gerais, chegou à conclusão que nesse estado se cobra em média de R$ 386,57 diário por paciente e até R$ 11.713,07 por internação.
Outro estudo aponta que o custo por plano de saúde em clínicas psiquiátricas deve variar entre R$ 600,00 e R$ 6.000,00, esses estudos apesar de bem feitos não pode servir de comparação para o brasil todo.
Aqui na clínica recanto os valores são discutidos e acordados levando em conta as necessidades individuais e coletivas do paciente mediante ao processo de acordo do contrato.
Quais métodos de tratamentos podem ser usados em uma clínica psiquiátrica?
Os mais diversos tipos de tratamentos podem ser apresentados, esses tratamentos são selecionados de acordo com o modelo de tratamento de cada clínica.
A farmacoterapia é o uso de fármacos (medicamentos) para controlar os sintomas e sinais dos transtornos mentais, e são classificados de acordo com o transtorno a eles associados, como os antidepressivos que são usados no combate a depressão.
Outros exemplos são os ansiolíticos para ansiedade e tensão e os antipsicóticos para transtornos psicóticos.
Eletroconvulsoterapia, essa é uma técnica bastante avançada em termos de medicina e tecnologia onde se colocam eletrodos na cabeça do paciente e se descarregam micro descargas elétricas que agem em áreas localizadas do cérebro, visando corrigir maus funcionamentos, é umas das técnicas mais eficazes atualmente e a mais eficaz no combate a depressão grave.
Também existem outras terapias que realizam processo similares através do auxílio de micro descargas elétricas, porém com fins diferentes.
A psicoterapia representa a mais conhecida forma de tratamento psicoterapêutico e psiquiátrico, através da criação de um ambiente de aceitação e empatia, o psicoterapeuta ajuda seu paciente a entender melhor aqui que o atinge, bem como sua origem e como enfrentar esse problema daqui para a frente.
A terapia pode ser feita de modo particular (individual) ou em grupo, mas já conhecida e comprovada que produz uma melhora na progressão de tratamento em como a pessoa vive e encara suas situações.
Na psicoterapia existe diversas abordagens, cada uma com um mesmo fim que é o tratamento e melhora da condição do paciente, porém com métodos diferentes, as mais conhecidas são a psicanálise, terapia cognitivo comportamental, terapia comportamental, terapia psicodinâmica.
Para efeito de exemplo a psicanálise foca em identificar padrões inconscientes do paciente e olha para as relações pessoais do passado para poder explicar as atitudes e comportamentos presentes.
Já a terapia cognitiva, propõe a pessoa que identifique os distúrbios do pensamento e suas crenças irracionais para entender o que isso causou na sua vida e em seus comportamentos, focando sempre no presente de suas experiências.
Quais são as etapas dos tratamentos em clínicas psiquiátricas?
Assim que chegar à instituição que irá cuidar do paciente, ele será acolhido e se houver ainda alguma dúvida sobre o tratamento, ela será sanada, assim ele irá para a avaliação, checando sua condição e verificando se não possui outras doenças ou comorbidades.
Agora ele se encontrar pronto para tratamento, a equipe multiprofissional se organizará para definir o as especificidades do tratamento do paciente dentro do modelo que já possuem, e darão início ao tratamento, e ele passará por todas as etapas do tratamento.
Aqui na clínica recanto o tratamento se constitui de três etapas, o aconselhamento biopsicossocial que procura desconstruir a ideia de doença e formar um projeto terapêutico individual e humanizado, a segunda é a terapia racional emotiva, procurando refazer as crenças irracionais e trabalhar os comportamentos e atitudes do paciente.
A última etapa é o emprego do programa de doze passos, já conhecido dos grupos de apoio, que dando suporte através da espiritualidade, criará um esquema de valores e crenças para a construção de uma nova vida, já que os antigos valores e antigas crenças o levaram até esse momento.
E por último a parte de ressocialização do paciente, que pouco antes do término da internação é discutida a condição do paciente e se ele tem como voltar a sociedade, se estiver pronto, é montado um programa para auxiliar na manutenção do estado lúcido e consciente conquistado.
Clínica psiquiátrica pelo SUS
O Sistema Único de Saúde – SUS foi criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pelas leis n° 8080/90 (Lei Orgânica da Saúde) e n° 8.142/90, com a finalidade de alterar a situação de desigualdade na assistência à saúde da população, tornando obrigatório o atendimento público a qualquer cidadão, sendo proibidas a cobrança de dinheiro sobre qualquer pretexto.
Através do SUS, todas as pessoas têm o direito a consultas, exames, internações e tratamentos nas Unidades de saúde vinculadas ao Sistema Único de Saúde, que podem ser públicas ou privadas.
Esse sistema oferece a população acometidas por transtornos mentais o acesso a tratamentos e diversos serviços como o SRT (Serviços de Residência Terapêutica), e os hospitais psiquiátricos.
Clínica psiquiátrica pelo plano de saúde
Todos os tipos de transtornos mentais, incluindo também os casos relacionados a dependência química, possuem cobertura de planos de saúde que são assegurados por lei.
A lei propõe a garantia de tratamentos, consultas psiquiátricas e internação ilimitados.
Todos os planos de saúde cobrem esse tipo de tratamento, para desta forma promover os devidos procedimentos que foram indicados pelo médico psiquiatra.
No Grupo Recanto, por exemplo, é comum muitas famílias chagarem sem saber que seu plano de saúde cobre todo o tratamento.
Por isso orientamos sempre a sinalizar na central de atendimento qual o plano de saúde que possui.
Infelizmente alguns planos de saúde não informam aos pacientes ou familiares que ele tem cobertura para este tipo de internação e algumas pessoas precisam procurar alguma medida jurídica para resolver a questão.
Mas na maioria dos casos, não se faz necessário acionar advogados ou entrar em processos judiciais longos.
O Grupo Recanto possuir convenio com diversos planos de saúde, entidades serias que atestam a qualidade dos serviços que lá são prestados.
Clínica psiquiátrica particular
A clínica psiquiátrica particular oferece um tratamento completo e especializado tanto em saúde mental, quanto em dependência química. Os pacientes possuem benefícios como por exemplo um tratamento apropriado a seu tipo de demanda, usufruindo assim de tratamentos modernos e atuais. A clínica conta com ambiente e estrutura apropriada, acolhedora e diferenciada.
Nesse ambiente haverá o diagnóstico e a prescrição de um tratamento adequado a seu tipo de doença, o nível de gravidade e os riscos que envolvem o indivíduo.
A clínica particular conta também com profissionais especializados em saúde mental e dependência química, as especialidades incluem médicos psiquiatras, médicos clínicos, psicólogos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, nutricionista entre outros.
Conheça nosso programa de internação psiquiátrica
Conclusão
Nesse texto foi possível observar tudo aquilo que é necessário para realizar o tratamento psiquiátrico.
Assim como trazer a luz a solução para algumas dúvidas que poderiam ter antes do texto, além de ter as dúvidas solucionadas, acredito que ver a construção de todo o processo e da complexidade envolvida ajudou a entender melhor o fenômeno dos transtornos mentais e do tratamento.
Para mais informações sobre saúde mental e dependência química continue acompanhando os nossos textos no blog.


Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.