Entre os distúrbios associados ao consumo excessivo de álcool, está a alucinose alcoólica, uma condição que demanda cuidado urgente.
Afinal, ver um familiar ou ente querido em uso abusivo de álcool, agindo de forma confusa ou com comportamentos alterados é preocupante, além de angustiante.
E para quem já vivenciou episódios de abstinência ou sintomas psicóticos, a experiência é ainda mais assustadora.
Se esse é o seu caso, ao longo desta leitura você entenderá melhor o que é esse transtorno, seus sinais e como buscar ajuda especializada para interromper esse ciclo de sofrimento.
O que é alucinose alcoólica?
A alucinose alcoólica é um transtorno psicótico relacionado ao uso crônico e excessivo de álcool, que se manifesta principalmente por alucinações auditivas, como ouvir vozes ameaçadoras ou insultos.
Um exemplo comum é o de uma pessoa que, após dias bebendo intensamente, começa a relatar que está ouvindo vizinhos conspirando contra ela, mesmo que ela esteja sozinha em casa.
Na prática, essa experiência causa medo, angústia e pode levar a comportamentos defensivos ou agressivos.
Apesar de ser uma condição grave, a alucinose alcoólica é relativamente rara, já que afeta cerca de 0,6% a 0,7% dos dependentes de álcool, segundo dados do National Institutes of Health (NIH).
Isso mostra que, embora não seja comum, o risco existe e exige atenção médica imediata para evitar complicações.
Quanto tempo dura alucinose alcoólica?
As alucinações nesta condição podem durar de alguns dias a várias semanas, algo que varia conforme a gravidade do quadro e a resposta individual ao tratamento.
Sintomas de alucinose alcoólica
Os sintomas da alucinose alcoólica envolvem agitação intensa, confusão mental, alucinações auditivas, hipersensibilidade sensorial, tremores e instabilidade motora.
Abaixo, entenda melhor como cada um deles se manifesta.
Alucinações auditivas
O sintoma mais característico são as alucinações vívidas, especialmente auditivas.
Ou seja, o paciente ouve vozes, murmúrios ou sons inexistentes, muitas vezes ameaçadores ou persecutórios.
Diferente de outras psicoses, ele pode reconhecer que as percepções são anormais, mas não consegue controlá-las.
Agitação intensa
A alucinose alcoólica pode desencadear um estado de hiperatividade, com falas aceleradas, inquietação e dificuldade em permanecer parado.
Neste sintoma, o indivíduo reage de forma exagerada a estímulos internos (como as alucinações) e externos (barulhos, luzes ou interações), o que leva a crises de ansiedade e irritabilidade.
Confusão mental
A dificuldade em distinguir realidade e imaginação gera desorganização no pensamento.
Aqui, o dependente químico pode ficar perdido no tempo e no espaço, com um discurso desconexo e comportamentos incoerentes.
Essa desorientação é agravada pela privação do álcool, que deixa o cérebro em um estado de hiperexcitabilidade.
Hipersensibilidade sensorial
Pacientes com alucinose alcoólica tornam-se extremamente reativos a qualquer estímulo ambiental.
Neste sentido, sons normais podem parecer amplificados, luzes se tornam incômodas e toques físicos são interpretados como ameaças.
Essa hipervigilância contribui para a agitação e a paranoia do dependente químico.
Tremores e instabilidade motora
Movimentos involuntários, principalmente nas mãos e membros superiores, são sintomas comuns desta condição.
Em casos mais intensos, os tremores podem afetar pernas e tronco, o que prejudica a coordenação motora e a execução de tarefas simples, como segurar um copo ou caminhar em linha reta.
Causas da alucinose alcoólica
As causas da alucinação alcoólica são: abstinência alcoólica abrupta, alterações neuroquímicas no cérebro, consumo excessivo e prolongado de álcool, fatores genéticos e predisposição individual, interação com outras substâncias ou medicamentos e, por fim, problemas de saúde mental pré-existentes.
Na sequência, entramos em detalhes sobre cada uma dessas causas.
Abstinência alcoólica abrupta
A interrupção súbita do consumo de álcool em dependentes crônicos pode desencadear alucinose, já que o cérebro, acostumado à depressão do sistema nervoso causada pelo álcool, entra em hiperatividade.
Essa reação de rebote causada pela abstinência alcoólica pode levar a distúrbios neuroquímicos e alucinações.
Alterações neuroquímicas no cérebro
O álcool afeta neurotransmissores como GABA (relaxante) e glutamato (estimulante).
Deste modo, o uso prolongado desregula esses sistemas, e a falta repentina da substância causa um desequilíbrio, o que leva a hiperexcitação neuronal e pode resultar em alucinações, bem como outros sintomas psicóticos.
Consumo excessivo e prolongado de álcool
O uso crônico e em grandes quantidades danifica estruturas cerebrais, algo que prejudica a comunicação entre neurônios.
Assim, com o tempo, o cérebro se adapta à presença constante do álcool, e sua ausência gera uma resposta exagerada, que pode manifestar-se em alucinações, especialmente auditivas.
Fatores genéticos e predisposição individual
Algumas pessoas têm maior vulnerabilidade a desenvolver transtornos psicóticos relacionados ao álcool devido a fatores hereditários.
Por exemplo, um histórico familiar de alcoolismo ou transtornos mentais pode aumentar o risco de alucinose alcoólica em usuários crônicos.
Interação com outras substâncias ou medicamentos
O uso combinado de álcool com drogas psicoativas (como ansiolíticos, antidepressivos ou estimulantes) ou até mesmo a desidratação e deficiências nutricionais podem potencializar os efeitos do álcool no cérebro.
Na prática, isso aumenta a probabilidade de alucinações durante a abstinência.
Problemas de saúde mental pré-existentes
Pacientes com transtornos psiquiátricos não tratados (como esquizofrenia, transtorno bipolar ou depressão grave) têm maior risco de desenvolver alucinose alcoólica, pois o álcool pode agravar desequilíbrios químicos já presentes no cérebro.
Riscos da alucinose alcoólica
Entre os riscos desta condição, destacamos:
- agravamento do quadro psiquiátrico;
- risco de comportamentos agressivos;
- prejuízo nas relações sociais e familiares;
- dificuldade de adesão ao tratamento;
- risco de suicídio ou automutilação;
- comprometimento da segurança física;
- recorrência de crises psicóticas;
- evolução para transtornos mentais permanentes;
- isolamento social intenso;
- aumento da vulnerabilidade a acidentes.
Como tratar a alucinose alcoólica?
O tratamento da alucinose alcoólica exige intervenção imediata e especializada para evitar complicações.
Em casos graves, a internação em ambiente seguro e monitorado é essencial para garantir a estabilização do paciente.
Neste caso, a abordagem inclui:
- medicação: antipsicóticos para reduzir alucinações e agitação, além de suporte sintomático para ansiedade e insônia;
- acompanhamento psiquiátrico e psicológico: para tratar os sintomas psicóticos e as causas do alcoolismo;
- equipe multidisciplinar: com suporte nutricional, terapia ocupacional e acompanhamento social;
- reabilitação pós-crise: programas de desintoxicação, terapia cognitivo-comportamental e grupos de apoio (como AA) para prevenir recaídas.
Como a Clínica Hospitalar Recanto pode ajudar você
A alucinose alcoólica é um sinal de alerta que exige tratamento urgente.
E aqui, na Clínica Hospitalar Recanto, você encontra acolhimento especializado, com equipe multidisciplinar, terapia individualizada e suporte medicamentoso para crises agudas.
Em nosso espaço, o paciente recebe os cuidados necessários para interromper o ciclo da dependência e reconstruir sua saúde mental.
Com o apoio certo, a recuperação é possível. Não espere. Busque ajuda hoje mesmo.
Conclusão
A alucinose alcoólica é um transtorno grave, marcado por alucinações auditivas, confusão mental e agitação, que surge em dependentes de álcool após a abstinência abrupta ou uso crônico.
Mesmo com prevalência de 0,6% a 0,7% entre alcoólatras, exige atenção imediata para evitar riscos como agressividade, isolamento social ou evolução para psicose permanente.
Como você viu por aqui, o tratamento especializado, com medicação, terapia multidisciplinar e reabilitação, é importante para o processo de recuperação.
E na Clínica Hospitalar Recanto, você encontra acolhimento integral, desde a estabilização da crise até a reinserção social.
Não subestime os sinais e lembre-se que buscar ajuda salva vidas.
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.