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Como surge a doença da Dependência Química?
Publicado em: 16 de abril de 2020

Atualizado em: 10 de agosto de 2022

Como surge a doença da Dependência Química?

A dependência química cria aquilo que a pessoa está tentando evitar, o sofrimento. Ao criar sofrimento, cria também a necessidade de continuação da relação doentia com a doença. O dependente químico procura refúgio para o sofrimento que a dependência química provoca, avançando cada vez mais no processo doentio. 

O dependente químico procura felicidade e serenidade na “pedrada”, mas, como começou a afastar-se de si e dos outros, não pode compreender que o sofrimento é criado pelo fato de usar álcool e outras drogas ou por acontecimentos e sentimentos que causam o prazer intenso e compulsivo.

Muito antes dos incidentes de perda de controle comportamental, a pessoa lutou e perdeu muitos combates contra o seu dependente químico a nível emocional, onde a doença da dependência química ganha controle. Desenvolve- se aí, na emoção, uma personalidade do dependente químico. É a personalidade da pessoa que fica controlada pelo processo doentio.

Os dependentes químicos se comportam como crianças – eles exploram os outros e seguem os seus impulsos emotivos. As emoções encontram-se no núcleo do ser da maior parte das pessoas. Isto é compreendido facilmente quando nos lembrarmos que as emoções existem antes de termos palavras para as descrever ou palavras para nos ajudem a compreendê-las.

A pessoa se sente emocionalmente ansiosa, inquieta e culpada. Estes são sinais internos de aviso que uma pessoa pode sentir, mas faz parte da dependência química aprender a negar esses sinais de aviso. A dependência química é também um processo de negação da realidade e do Eu. Esta negação realiza-se para que a dependência química possa progredir. O núcleo da doença da dependência química se encontra a nível emotivo (lógica emocional) e não do pensamento (lógica racional).

A perda do controle da dependência química

Grande parte da obsessão mental do dependente químico provém da negação ou da recusa em reconhecer a perda de controle que se dá no nível emocional.  Evitar a realidade cria mais sofrimento, e necessidade de explicar a si mesmo o que está acontecendo. Isto irá evoluir, determinando pensamentos obsessivos ou preocupação e racionalizações.

Pensamentos obsessivos ocorrem com frequência e resumem-se a uma questão permanente: Por quê? A preocupação tem a ver com o USAR DROGAS e a criação de uma mudança do humor.  Todos conhecemos a afirmação; “Mude os seus pensamentos e começará a sentir-se melhor”. Ninguém sabe isto melhor que os dependente químicos. Se os dependentes na ativa não gostam de como se sentem, usam drogas. Uma sutil mudança de humor, que quando acontece, a pessoa perde uma pequena parte de controle, que é transferida para a dependência química.

Compreendemos a perda gradual do EU na dependência química e como a doença da dependência química vai adquirindo cada vez mais controle. A diminuição do Eu causa um aumento da doença da dependência química.  Na dependência química, há um conflito interno entre o Eu e o dependente químico. Na luta, quem ganha é o dependente, que significa a “perda de controle”. Quanto mais longo for o combate, maior será o controle que a doença da dependência química adquire e estabelece. 

Cada vez que o Eu luta contra a dependência química, o dependente químico torna-se mais forte. Lutar e debater-se contra qualquer coisa que tem mais força do que você esgota a sua energia. Por cada derrota dá-se certa perda de autoestima. É por isso que, na recuperação, as pessoas são ensinadas a se render. É aceitando que não pode vencer a doença que a pessoa encontra força para começar a se relacionar com os outros. 

Todos temos sonhos e queremos ter bons amigos, família e uma vida tranquila. Todo o dependente químico tem também um sonho. A publicidade apresenta exemplos perfeitos dos sonhos do dependente:

• Uma geladeira com “montanhas de chocolate e rios de açúcar” 

• Beber alegremente e ninguém se queixa ou se sente culpado.

O Eu também tem sonho. Na dependência química, o sonho do dependente químico colide com o sonho do Eu, que começa lentamente a ocupar o segundo lugar. Isto se deve à perda de controle.

• A relação íntima que a pessoa deseja ter com um amigo, começa a ser substituída por álcool ou drogas. Os dependentes químicos fazem e dizem coisas que os distância das pessoas de quem gostam.

Na relação adictiva, o Eu e o dependente químico lutam por ter controle. À medida que a Fase inicial da doença da dependência química progride:

• O Dependente químico desenvolve à sua maneira própria de pensar, sentir e agir;

• O Eu desaprova as crenças do dependente químico, mas aprecia a mudança de humor;

• O Eu luta e discute com o dependente químico, mas sempre perde;

• O dependente químico desenvolve a sua forma de comportamento própria;

• O Eu usa a força de vontade para controlar o dependente químico, depois esforça-se por conter o dependente, mas torna-se dependente da doença da dependência química.

A relação adictiva se dá na interação entre o Eu e o dependente químico e se baseia na lógica emocional. Cria um foco de atração para o interior e para o isolamento, é sustentada pela alteração de humor do processo doentio de usar drogas.

Quanto mais longa a interação entre o Eu e o dependente químico , mais forte se tornará a doença da dependência química; quanto mais longa for a interação, mais se desenvolverá a relação adictiva. Na dependência química, o dependente químico torna-se a personalidade dominante.

As pessoas e a família questionam desesperados e interrogam os outros:

  • “Por que é que ele se comporta assim? Já não, se importa conosco?” 

A verdade é que o dependente químico interior não se importa com eles, ele se importa é em atuar sentimentos e conseguir a mudança de humor. 

O dependente químico também não se importa com o Eu. 

  • A afirmação: se não para por mim, pare por tua causa!” cai em orelhas surdas. 

A pessoa que sofre da dependência química faz a mesma pergunta: 

  • “Por que é que eu me comporto desta forma? Por não me importo?”

Muitas famílias se reúnem em lágrimas ao tomarem consciência de que é o dependente químico, a doença, à dependência química, que odeiam e de que têm medo, e não a pessoa. 

É um grande alívio quando os que sofrem de dependência química tomam consciência de que não são “pessoas más”, que imaginam ser, de que não são só constituídas pela sua doença da dependência química, mas que esta é apenas uma parte delas, que se desenvolveu como consequência da doença.

Não deixe que você ama nessa perca de controle, fale com nossa equipe.

A ilusão do controle

Com o tempo a doença da dependência química desenvolve a sua própria maneira de sentir, pensar e agir. Quando as pessoas usam álcool e drogas, ficam “altas”, sentem-se diferentes, e isso muda os seus padrões de pensamento. Qualquer sentimento que crie desconforto se torna num sinal para usar drogas; sinais internos desencadeadores de desconforto começam a ser sinais desencadeadores de usar.

 Quando um dependente à comida fica triste, interpretará não como um sentimento, mas como uma sugestão para comer. Assim, os sentimentos da pessoa se tornam obsessões mentais. Na fase inicial da dependência química, a pessoa escolhe este padrão distorcido de interpretação das sensações reais.

As pessoas se admiram, “Porque será que ele faz esta escolha?” A resposta está em que, escolhendo uma interpretação adictiva de um sentimento, a pessoa terá a ilusão de controlar.  Os dependentes químicos acreditam que encontrarão paz e felicidade através de um controle perfeito e total. O Ser humano é ser imperfeito e impotente. Perseguir a ilusão do controle é fugir da realidade de ser, ser humano. Os dependentes químicos tentam ser perfeitos em vez de tentarem serem pessoas.

Os dependentes químicos farão escolhas doentias quando impotentes, desamparados ou fracos. A escolha adictiva cria na pessoa a ilusão de manter o controle e de estar mais perto da perfeição, pelo menos por algum tempo. A ilusão do controle é uma oferta muito tentadora. Aceitar a realidade da nossa impotência neste mundo é algo muito difícil de fazer.

Lógica da doença da dependência química

O dependente químico quando está mal, pressente o perigo da escolha doentia e questiona a relação patológica que está se formando. É devido a este questionamento que o pensamento doentio, ou a lógica adictiva, se desenvolve e isso se dá à medida que a pessoa tenta justificar as mudanças interiores sutis. 

O primeiro a sentir a mudança é a própria pessoa a quem isso acontece e pode ser a última a admitir, mas é a primeira a experimentá-la. É através do desenvolvimento da lógica da dependência química que a pessoa encontra a forma de lidar com as mudanças internas.

O dependente à comida coloca em questão os impulsos internos para comer mais. Inicialmente, estes impulsos são postos de lado de forma simples e rápida. À medida que a frequência aumenta, a pessoa justifica e usa a lógica doentia:

  • “Gosto de comer enquanto vejo televisão”, 
  • “Só como assim de vez em quando.” 
  • “É melhor aproveitar, vou começar a fazer dieta amanhã.”

A lógica adictiva não se baseia na verdade, más sim totalmente, na relação enganadora da dependência química, ela nega a presença de uma relação adictiva. A pessoa acredita que o problema está no outro lado ou que é grande demais para ser ultrapassado.

• Se os jogadores compulsivos consideram que tem problemas conjugais, e não problemas de jogo, a relação adictiva continuará;

• Se os dependentes à comida estiverem convencidos de que não controlam o que metem à boca, serão incapazes de fazer o que quer que seja a esse respeito.

Certas pessoas perguntam:

  • “Por que comer até ficar na solidão?” 
  • “Como jogam as suas próprias casas?” 
  • “Como é que destroem o fígado ao beber?” 
  • “Como podem ter relações sexuais com estranhos que lhes poderão causar mal?”
  • “Como podem tomar droga que nem sabem qual é?”

A resposta as perguntas se tornam simples através da compreensão da lógica emocional da dependência química. A maioria das pessoas, mesmo os dependentes químicos, tentam compreendê-la usando a lógica racional. Isso não apresenta resultados.

A lógica diz que não está certo fazer mal ao nosso Eu; a lógica doentia diz que não faz mal magoar o nosso Eu, porque o Eu não é importante; o que conta é a mudança de humor. 

A lógica diz: que não está certo magoar os outros; a lógica adictiva diz que não tem importância magoar os outros porque as relações com os outros não são importantes. O que é importante é a relação com álcool e drogas. Observando a lógica adictiva, compreendemos a doença da dependência química.

Quando um alcoólico diz, “Não me importo com o que você pensa quando eu bebo”, vemos qual a perspectiva do dependente químico sobre suas relações. Quando um dependente químico diz, “Não faço mal a ninguém a não ser a mim próprio”, temos o indício dos sentimentos e convicções dele a respeito do próprio Eu.

Na fase inicial, a doença da dependência química parece menos assustadora e mais amigável. Isto é a base do que é conhecido como memória eufórica – lembrar somente os aspectos agradáveis do processo doentio e negar ou esquecer o sofrimento, atuar sentimentos e fazer com que o humor mude provoca divertimento, excitação, novas ideias e novos estímulos na vida da pessoa. 

Na fase de desenvolvimento da doença e perda de controle de comportamentos, o usar drogas começa a perder a sua sedução. O objeto ou acontecimento conserva sempre a sua capacidade de alterar o humor da pessoa, mas com o tempo, muito do seu poder de divertimento começa a apagar, e usar drogas adquire o carácter de uma manutenção, onde a pessoa cada vez mais usa drogas só para encobrir e escapar ao sofrimento e à frustração criados pelo processo doentio.

Veja também

O sistema ilusório da dependência química

Com o tempo, a lógica adictiva se transforma num sistema de crenças, uma ilusão que vai passar a governar a vida da pessoa. A pessoa luta contra isto e tenta adiar o quanto pode, mas o sistema ilusório da dependência química e a doença da dependência acabará lhe dominando.

Na progressão da doença, este sistema se torna mais complexo e mais rígido. A ilusão da dependência química é descrita como um muro que rodeia a pessoa. Este muro tem duas funções principais, Em primeiro lugar, serve para manter a pessoa encarcerada dentro de si, tendo apenas como possibilidade de relacionamento o dependente químico no seu interior. 

O mundo do dependente químico é um mundo de solidão; o centro de interesse e as energias do dependente químico são dirigidos para o interior. Se uma pessoa tentar romper com o mundo da dependência química, confrontará com o sistema ilusório da dependência. O dependente químico se pergunta, “Quando é que isto vai parar?”. E ouve uma promessa vã ou uma voz interior que lhe diz, “Não é assim tão mau tudo isso.”

A segunda função do sistema ilusório é de afastar todos que coloca em perigo a relação com o álcool e outras drogas ou por acontecimentos e sentimentos que causam o prazer intenso e compulsivo.

Estudos mostram que durante uma crise há uma brecha no sistema ilusório, e é nesta ocasião que o Eu do dependente químico e as pessoas interessadas podem estabelecer uma ligação com a pessoa que sofre de dependência química e proporcionar ajuda. No entanto, dentro de um ou dois dias, essa brecha repara-se por si e tudo volta ao normal, e a pessoa não é capaz de lembrar o que aconteceu.

Quando a recuperação tem lugar

Aceitando e tomando a responsabilidade pela presença de uma doença da dependência química, os dependentes químicos podem começar a recuperação e escolher relações que lhes permitam sair de si próprios. Uma verdadeira aceitação da existência e da força da doença da dependência química obriga o dependente químico a procurar ajuda fora de si.

O primeiro passo na recuperação é a aceitação da dupla personalidade criadas pela dependência química. Ao aceitarem os dois lados da sua dependência química, as pessoas criam uma porta para o exterior e assim estabelecer relações saudáveis. Isto os liberta da vergonha. 

Na recuperação, a pessoa precisa tomar responsabilidade, tanto pelo Eu e pelo Dependente químico.  Faz parte da vida de um dependente químico na ativa negar a existência da doença da dependência química. Assim, admitir a presença da doença da dependência química é à base da recuperação.

Ao reconhecer e assumir a doença da dependência química, a pessoa compreende e presta atenção à lógica adictiva, para assim entrar na recuperação com qualidade.  O programa reforça a importância de ser completamente honesto com o seu próprio Eu. Isto significa ouvir e acreditar no seu Eu e não no seu Dependente químico.

Sempre procurar um profissional para ajudar quem você ama, ou a você mesmo é um passo importante e precisa ser dado o quanto antes. 

Não espere muito para ajudar ou pedir ajuda. 

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