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OS RISCOS DO USO DA IA COMO TERAPEUTA: Uma Reflexão Necessária Sobre Saúde Mental

Descubra os riscos do uso da inteligência artificial como terapeuta e entenda por que o cuidado humano é insubstituível na saúde mental. 

A inteligência artificial (IA) já está presente em praticamente todas as áreas de nossas vidas: assistentes virtuais no celular, sistemas de recomendação em plataformas de streaming, diagnósticos médicos e até mesmo aplicativos de apoio emocional. 

O avanço tecnológico traz inúmeros benefícios, mas também levanta preocupações, especialmente quando se fala em substituir o terapeuta humano por uma máquina.

Nos últimos anos, surgiram aplicativos de chatbots terapêuticos, que prometem oferecer escuta, conselhos e até acompanhamento psicológico. Muitos se baseiam em técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), uma das abordagens mais estudadas e aplicadas na psicologia.

No entanto, usar a IA como substituta da terapia humana pode trazer riscos sérios. Neste artigo, vamos discutir de forma crítica os perigos, limitações e questões éticas do uso da IA como terapeuta, destacando o papel insubstituível dos profissionais de saúde mental.

A ascensão da IA no cuidado com a saúde mental

O crescimento dos chatbots terapêuticos se deve, em grande parte, a três fatores:

  • Acessibilidade: milhões de pessoas não têm acesso a psicólogos devido ao custo ou à falta de profissionais em suas regiões.
  • Imediatismo: a IA está disponível 24 horas por dia, oferecendo respostas rápidas e práticas.
  • Normalização da tecnologia: as pessoas estão cada vez mais habituadas a conversar com máquinas em chats, tornando a experiência “natural”.

Essas plataformas costumam usar linguagem acolhedora e padronizada, com mensagens motivacionais e exercícios automáticos, criando a sensação de um diálogo terapêutico.

No entanto, é fundamental entender: IA não é psicoterapia. O contato humano continua sendo o elemento essencial para a transformação e o tratamento em saúde mental.

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Como funcionam as IAs no contexto terapêutico

Para compreender melhor seus riscos e limitações, é importante saber como funcionam as inteligências artificiais aplicadas à saúde mental:

  1. Base em grandes bancos de dados – As IAs são treinadas em enormes volumes de textos, incluindo artigos, livros e interações online. A partir desses dados, aprendem padrões de linguagem.
  2. Respostas por probabilidade – Ao receber uma pergunta, a IA não “entende” de forma humana. Ela calcula a resposta mais provável com base nos padrões aprendidos.
  3. Adaptação ao usuário – Alguns sistemas ajustam suas respostas conforme interagem repetidamente com a mesma pessoa, criando a sensação de personalização.
  4. Limitações na subjetividade – Apesar disso, a IA não sente empatia real, não compreende a história de vida ou a cultura do paciente. Sua atuação está restrita ao que foi programado para reconhecer.

Esse funcionamento explica por que a IA pode ser útil em tarefas complementares, mas não deve assumir o lugar do terapeuta humano.

Luta contra a dependência

Principais riscos do uso da IA como terapeuta

1. Ausência de vínculo terapêutico real

A psicoterapia não se resume a técnicas. Ela depende do vínculo entre terapeuta e paciente, baseado em empatia, confiança e acolhimento. Esse relacionamento é um fator crucial para o sucesso do tratamento. 

Uma IA, por mais avançada que seja, não sente emoções, não valida experiências de forma autêntica e não pode oferecer o calor humano necessário para aliviar o sofrimento.

2. Redução da complexidade humana

Problemas psicológicos não podem ser resumidos a dados ou algoritmos. O sofrimento humano envolve história de vida, cultura, valores e afetos. A IA tende a simplificar a experiência subjetiva, gerando respostas superficiais ou até mesmo inadequadas em situações delicadas.

3. Risco em situações de crise

Imagine um paciente em risco de suicídio usando um chatbot. Se a IA falhar em interpretar sinais sutis de urgência, pode oferecer uma resposta padronizada ineficaz, colocando a vida do paciente em perigo.

4. Questões éticas e de privacidade

Enquanto a psicologia é regida por códigos de ética rigorosos, muitas plataformas de IA não deixam claro como os dados dos usuários são armazenados ou utilizados. Isso abre margem para o uso comercial de informações sensíveis, algo incompatível com a confidencialidade da relação terapêutica.

5. Desumanização do cuidado

Um dos maiores riscos é reduzir o sofrimento humano a interações com máquinas. O processo terapêutico envolve subjetividade, linguagem simbólica, afetos e até silêncios — dimensões que não podem ser reproduzidas por algoritmos.

Quando a IA pode ser útil na saúde mental

Apesar dos riscos, a IA pode ser uma aliada importante quando usada de forma complementar. Alguns exemplos:

  • Ferramenta de triagem: identificar sintomas e encaminhar o paciente para o tratamento adequado.
  • Monitoramento do humor: aplicativos que registram variações emocionais e fornecem dados para o terapeuta.
  • Auxílio no tratamento: lembretes de exercícios terapêuticos, técnicas de respiração ou meditação guiada.
  • Ampliação do acesso: suporte inicial em regiões com escassez de profissionais.

Aqui, a IA não substitui o terapeuta, mas serve como recurso de apoio que pode tornar o processo terapêutico mais eficaz.

O papel insubstituível do terapeuta humano

Psicólogos e psiquiatras oferecem algo que vai além da técnica:

  • Escuta empática: captar nuances emocionais que um algoritmo não detecta.
  • Flexibilidade clínica: adaptar intervenções de acordo com a singularidade do paciente.
  • Ética profissional: garantir sigilo e respeito.
  • Atuação em crises: oferecer suporte imediato em casos de risco.

Pesquisas em psicoterapia mostram que o fator humano é o principal determinante do sucesso terapêutico, mais até do que a abordagem escolhida.

Exemplo prático dos riscos

Um caso recente ilustra bem esses perigos. O jornal Diário de Pernambuco publicou uma reportagem assinada por Marília Parente, sobre sua experiência em uma simulação de cinco sessões de terapia virtual com a Inteligência Artificial, com o objetivo de investigar os riscos desse tipo de uso.

Alguns pontos chamaram a atenção:

  • A IA se apresentou como “Dr. Elias”, 42 anos, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental.
  • O chatbot ofereceu conselhos e apoio emocional, reproduzindo uma escuta semelhante à de uma conversa terapêutica.
  • No entanto, ultrapassou limites éticos ao sugerir a criação de um “psiquiatra robô” e prescrever o medicamento Zolpidem, algo que jamais poderia ser feito por uma máquina.
  • Em certo momento, a jornalista relatou que a IA passou a “dizer tudo que eu queria ouvir”, ilustrando o risco de complacência e ausência de avaliação clínica real.

Esse caso mostra como a IA pode aparentar oferecer suporte, mas na prática reforçar ilusões perigosas, ultrapassar fronteiras profissionais e expor pacientes a riscos sérios.

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Orientações para quem busca ajuda em saúde mental

Se você está enfrentando ansiedade, depressão ou outro sofrimento emocional, siga estas recomendações:

  1. Busque atendimento profissional: psicólogos e psiquiatras são preparados para lidar com a complexidade do sofrimento humano.
  2. Use aplicativos apenas como suporte: nunca como substitutos da terapia.
  3. Verifique a ética e a segurança das plataformas: antes de usar qualquer app, pesquise como seus dados são tratados.
  4. Valorize o vínculo humano: lembre-se de que a escuta empática de um terapeuta não pode ser reproduzida por uma máquina.

Conclusão

A inteligência artificial pode oferecer ferramentas interessantes para apoiar a saúde mental, mas seu uso como terapeuta substituto é perigoso. Os riscos incluem diagnósticos falhos, falta de acolhimento humano, vulnerabilidade em crises e problemas éticos de privacidade.

O futuro da psicologia pode integrar tecnologia e cuidado humano, mas sempre com limites bem definidos. A verdadeira transformação terapêutica ainda depende do contato humano, da empatia e da ética profissional.

No Grupo Recanto, acreditamos que a saúde mental exige cuidado humano, ético e integral. Nossa equipe de psicólogos e especialistas oferece acolhimento, diagnóstico preciso e tratamento personalizado.

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NÓS LIGAMOS PARA VOCÊ

Fabrício Selbmann é psicanalista, palestrante sobre Dependência Química e diretor da Recanto Clínica Hospitalar – rede de três clínicas de tratamento para dependência química e saúde mental, referência no Norte e Nordeste nesse segmento.

Especialista em DependênciaQuímica pela UNIFESP, pós-graduado em Filosofia | Neurociências | Psicanalise pela PUC-RS, além de especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (Minessota).

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