O uso abusivo de álcool e outras drogas está frequentemente associado a diferentes transtornos mentais. Em muitos casos, essas condições coexistem, o que torna o diagnóstico e o tratamento mais complexos. Compreender os transtornos mentais mais comuns em dependentes químicos é essencial para um cuidado mais completo e eficaz.
Neste artigo, vamos explorar quais são esses transtornos, como eles se manifestam e por que é importante identificá-los cedo.

O que é comorbidade psiquiátrica na dependência química?
O termo “comorbidade” é usado quando uma pessoa apresenta dois ou mais transtornos ao mesmo tempo. No caso da dependência química, é comum que ela ocorra junto a transtornos mentais como depressão, ansiedade e transtornos de personalidade.
Essa associação pode dificultar o tratamento, pois um problema pode intensificar o outro. Por isso, é fundamental que o diagnóstico leve em conta todos os aspectos da saúde mental do paciente.
Relação entre drogas e saúde mental
Drogas psicoativas alteram diretamente o funcionamento do cérebro. Isso pode desencadear sintomas psiquiátricos ou agravar transtornos mentais preexistentes. Em alguns casos, o uso de substâncias surge como uma tentativa de aliviar sintomas emocionais, o que agrava ainda mais a situação.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), transtornos mentais e o uso de substâncias estão entre as principais causas de sofrimento psicológico e incapacidade no mundo.

Principais transtornos mentais em dependentes químicos
Transtorno Depressivo Maior
A depressão é uma das condições mais comuns em pessoas com dependência química. O uso de drogas pode ser uma tentativa de aliviar a tristeza profunda, o desânimo e a desesperança característicos da doença. No entanto, a substância acaba agravando os sintomas.
Sintomas como isolamento, culpa e pensamentos suicidas são frequentes e exigem atenção imediata. O tratamento conjunto da depressão e da dependência é essencial para a recuperação.
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
O TAG é caracterizado por preocupação excessiva e constante, mesmo diante de situações comuns. A pessoa sente medo, tensão muscular, insônia e irritabilidade, o que pode levá-la a buscar alívio em substâncias como álcool ou sedativos.
O problema é que esse alívio é momentâneo e, com o tempo, gera dependência. A ansiedade continua, e o uso se torna cada vez mais intenso.
Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT)
Pessoas que viveram traumas, como violência, abuso ou acidentes graves, podem desenvolver TEPT. Os sintomas incluem flashbacks, pesadelos, insônia e hipervigilância. Muitos recorrem às drogas para tentar esquecer o sofrimento.
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) destaca a importância do diagnóstico precoce nesses casos, garantindo assim, um tratamento eficaz, prevensão do agravamento, diminuição da influência do transtorno resultando numa melhor qualidade de vida ao indivíduo.
Transtorno Bipolar
O transtorno bipolar provoca oscilações extremas de humor, indo de euforia intensa (mania) à depressão profunda. Durante os episódios maníacos, o uso de drogas pode aumentar devido à impulsividade. Já nos momentos de depressão, o risco de abuso também é alto.
Esse ciclo alimenta a dependência e torna o tratamento mais delicado. É importante que o paciente tenha acompanhamento médico e psicológico contínuo.
Esquizofrenia
Embora menos comum, a esquizofrenia é uma condição grave que pode coexistir com o uso de substâncias. Alucinações, delírios e desorganização do pensamento são sintomas frequentes. O uso de drogas como maconha, crack e LSD pode agravar os quadros psicóticos.
Segundo o Ministério da Saúde, a esquizofrenia afeta cerca de 1% da população mundial. O acompanhamento psiquiátrico é indispensável nesses casos.
Transtornos de personalidade
Transtornos como o borderline e o anti-social são frequentemente observados em dependentes químicos. Essas condições envolvem dificuldades no controle de impulsos, instabilidade emocional e comportamentos autodestrutivos.
O uso de drogas pode ser uma forma de lidar com o vazio interno ou com sentimentos intensos. Porém, a dependência só agrava os conflitos emocionais e sociais do indivíduo.

Como identificar a comorbidade em dependentes químicos?
Sinais de alerta
É importante observar mudanças significativas no comportamento da pessoa, como isolamento, agressividade, tristeza constante ou variações bruscas de humor. A presença desses sinais pode indicar uma comorbidade.
Muitas vezes, os familiares notam que mesmo após a suspensão do uso da substância, os sintomas emocionais continuam. Isso é um indicativo de que há um transtorno mental associado.
Avaliação profissional
Somente uma equipe especializada pode fazer o diagnóstico correto. O ideal é contar com profissionais de saúde mental, como psiquiatras e psicólogos, além de terapeutas e assistentes sociais.
A abordagem deve ser integrada, avaliando o histórico de vida do paciente, seus traumas, relações familiares e o padrão de uso da substância.
Tratamento integrado: cuidando da mente e do corpo
Intervenções combinadas
O tratamento eficaz para dependência química com comorbidade envolve a combinação de diferentes estratégias. Entre elas, destacam-se:
- Terapia medicamentosa (com acompanhamento psiquiátrico);
- Psicoterapia individual e em grupo;
- Participação em grupos de apoio como os Alcoólicos Anônimos (AA) e os Narcóticos Anônimos (NA);
- Atividades terapêuticas e ocupacionais.
Na Recanto Clínica Hospitalar, esse cuidado integrado é uma prioridade. A equipe multidisciplinar especializada oferece suporte físico, emocional e psicológico, com estrutura completa para internação, desintoxicação e reabilitação.
Cada caso deve ser avaliado individualmente, com foco no bem-estar e na qualidade de vida do paciente. A proposta é tratar o indivíduo como um todo, respeitando sua história e necessidades.
Importância do apoio familiar
O apoio da família é um dos pilares da recuperação. Compreender que a dependência é uma doença e não um defeito moral ajuda a reduzir o preconceito e fortalece os vínculos afetivos.
Famílias orientadas e acolhedoras contribuem para a adesão ao tratamento e para a prevenção de recaídas.

Conclusão
Os transtornos mentais mais comuns em dependentes químicos são uma realidade que precisa ser reconhecida e tratada com seriedade. A comorbidade entre saúde mental e uso de substâncias exige uma abordagem completa, cuidadosa e baseada em evidências.
Buscar ajuda especializada é o primeiro passo para a recuperação. Quanto mais cedo o transtorno for identificado, maiores são as chances de sucesso no tratamento.
Se estiver procurando um espaço de acolhimento e tratamento especializado, a Clínica Hospitalar Recanto oferece uma estrutura completa para cuidar da saúde mental e da recuperação da dependência química com seriedade e respeito.












