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Alucinação: O que é, por que acontece e quando buscar ajuda?
Publicado em: 04 de novembro de 2021

Atualizado em: 06 de maio de 2022

Alucinação: O que é, por que acontece e quando buscar ajuda?

O fenômeno da alucinação é sempre utilizado de forma pejorativa, porém poucos entendem de verdade do que se trata esse fenômeno e porque ele acontece.

Para que se entenda melhor como ela funciona e qual sua relação com outras doenças, bem como suas diferenças para com o delírio, que foi fundamentado nesse texto.

A alucinação é um fenômeno que parte de nossas percepções sobre algo, dessa forma o termo alucinação foi cunhado pelo psiquiatra francês Jean-Étienne Esquirol, que a diferenciou de outros fenômenos como as ilusões e distorções perceptivas.

Um estudo do British Psychiatry Journal descobriu que 1 em cada 23 pessoas sofreram alucinações no ano de 2016 ao analisar 7 mil pessoas adultas.

Dentre as pessoas que disseram já ter ocorrido algum tipo de alucinação, estavam também pessoas comuns, sem nenhum tipo de diagnóstico psiquiátrico. 

Ou seja, embora algumas patologias aumentem a chance, todos estão sujeitos a possibilidade.

O que é alucinação

A alucinação consiste em uma percepção de algo que não existe, sem depender de um estímulo externo, sendo um processo individual e subjetivo de cada pessoa.

De maneira que a pessoa acredita que aquilo é uma vivência real, pois ocorre uma alteração na forma como acontece a percepção da realidade.

A alucinação influencia e ativa a percepção dos sentidos, podendo afetar vários ao mesmo tempo ou apenas um em específico.

Essas alucinações podem ou não ter contexto lógico, frequentemente fogem do lógico como por exemplo ter a visão de seres sobrenaturais, escutar vozes de pessoas que não estão ali, viver situações distópicas entre outras.

Por vezes o objeto alvo da alucinação se torna mais nítido do que aqueles que são os objetos reais.

A alucinação pode vir acontecer por meio de uma doença, um transtorno psicológico e danos ou perdas cognitivas, assim como situações de cansaço e exaustão extremos.

Quais são os tipos de alucinações e seus sinais?

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Como dito anteriormente, existem vários tipos de alucinações, isso acontece pois afeta os vários sentidos da percepção.

Dessa forma, é preciso entender como se diferem cada um desses tipos, quais suas possíveis causas e como o fenômeno ocorre.

Alucinação visual

As alucinações visuais podem acontecer em virtude do uso de drogas e do álcool, casos de demência, transtornos psicóticos.

Se caracteriza pela visão de coisas que não estão realmente lá, mas para a pessoa é tido como real, podendo apresentar material definido ou indefinido, variando desde clarões e vultos até monstros, espíritos e anjos.

É importante diferenciar essas alucinações visuais das “visões” dentro de um contexto religioso, esse fenômeno é explicado por uma auto indução da pessoa a um estado semelhante ao onírico (sono), funcionando mais como um sono acordado.

Alucinação auditiva

As alucinações auditivas são as mais comuns de serem relatadas, principalmente o fato da pessoa estar ouvindo vozes diferentes em sua cabeça, inclusive algumas opinam positivamente ou negativamente sobre a situação.

Porém esse fenômeno não se resume a vozes, se deve na verdade a percepção de sons que não existem de fato, podendo ouvir também assobios, passos, barulhos estridentes não específicos, grunhidos, gemidos, ruídos e músicas.

Esse tipo de alucinação pode ser causado por doenças demenciais, esquizofrenia, outros transtornos psicóticos, transtornos de personalidade e em casos de perda e falecimento recente.

Alucinação tátil

As alucinações táteis se relacionam a sensações de toque e percepção mecânica de que não existem, exemplos disso são cócegas, arranhões, toque de mão e no corpo, sensação de rastejamento sobre a pele, assim como falsas sensações de temperatura.

O uso de drogas estimulantes, principalmente as que causam hipersensibilidade dos sentidos como a cocaína podem desencadear esse tipo de alucinação, assim como a síndrome de abstinência alcoólica.

Alucinação olfativa

São alucinações relacionadas a estímulos olfativos que não existem, manifestando cheiros que frequentemente são considerados ruins ou desagradáveis, inclusive esse tipo de alucinação também é comum que se manifestem gostos juntamente ao cheiro.

Além de ocorrências de transtornos psicológicos, pode acontecer por meio de problemas neurológicos, infecção nasal, AVC, demências e dependência de drogas.

Alucinações sinestésicas

Esse é o tipo mais diferente e complexo de alucinação, pois envolve mais de um sentido da percepção, sendo inclusive capaz de que ocorra o fenômeno de sinestesia (junção de sentidos), como sentir cheiro do gosto, ouvir uma cor, ver um som.

Envolvendo também questões como a autopercepção do eu da pessoa, de sua localização no espaço, é muito comum em síndromes que alteram o nível da consciência, como a psicose.

Essas alucinações possuem um forte poder dissociativo com a realidade e é o tipo mais comum que acomete aqueles que fazem o uso indevido de substâncias psicodélicas.

Alucinação e delírio são a mesma coisa?

Não!

Embora parecidos, esses dois fenômenos não são iguais e possuem diferenças marcantes. 

A principal delas consiste no processo necessário para que cada uma delas ocorra.

Os delírios tipicamente partem de crenças exageradas tidas como incontestáveis, já a alucinação como vimos é um fenômeno de percepção de algo que não está lá.

Ambas são efeitos psicopatológicos que inclusive podem coexistir, ou seja, uma pessoa pode apresentar alucinações e em outro momento delírios, contudo o delírio parte de uma falsa concepção da realidade, baseada em uma ideia única, exagerada e incontestável.

Usando um exemplo: alguém imagina um homem de preto sentado que não está realmente ali, isso é uma alucinação. 

Já se ao ver um homem de preto sentado a pessoa acredita fortemente que ele é um criminoso que o está perseguindo seria um caso para delírio.

O que causa alucinações?

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Uma série de fatores podem servir de causas para as alucinações, desde transtornos psiquiátricos a efeitos colaterais devido ao uso de medicamentos.

A principal causa para as alucinações são os transtornos de origem psicótica, dentre eles destaca-se a esquizofrenia, porém transtornos depressivos também podem gerar esse fenômeno.

Abusos e dependência das drogas é um fator de risco para o desenvolvimento de alucinações, principalmente se a dependência for de drogas psicoativas, que tem a alucinação como parte de seus efeitos.

Assim como na dependência, a abstinência de drogas também pode levar a episódios alucinógenos, isso se não for acompanhada por uma equipe médica ou multiprofissional.

Quais doenças provocam alucinações

Ainda há as alucinações que são provocadas por doenças mais convencionais, por assim dizer, muitas delas podem até parecer um pouco estranhas a princípio, contudo todas elas provocam algum efeito que compromete a área perceptiva cerebral.

Exemplos delas são: AIDS, doenças demenciais, epilepsia, narcolepsia, problemas graves em algum dos sentidos, como cegueira parcial ou perda auditiva, tumores que afetam áreas ligadas à percepção ou raciocínio cognitivo, deficiência renal.

Como é o tratamento da alucinação?

Existem várias opções de tratamento para a alucinação, mas o fator principal a ser analisado para definição do tratamento, é a doença, condição ou transtorno que está a ocasionado.

Sendo preciso tratar do fator de origem e da doença (se houver) que está proporcionando a ocorrência de alucinações.

Assim, em alguns casos a junção de psicoterapia com medicamentos psiquiátricos poderá ser o tratamento mais eficaz, uma vez que os medicamentos vão amenizar e controlar os sintomas e a psicoterapia vai tratar das questões pessoais e emocionais que envolvem o paciente.

Em casos de doenças degenerativas como algumas demências, é impossível impedir o avanço da doença, então é feita a contenção dos sintomas e estagnação do progresso dela, através do controle medicamentoso.

Conclusão

O processo de alucinação pode ser desencadeado por diversos meios, embora o mais comum seja por um transtorno mental. 

Dessa forma fica difícil tratá-la como um processo isolado.

Ela pode vir tanto como sintoma quanto um sinal de uma patologia, de forma complexa que pode afetar um dos sentidos da percepção ou vários deles ao mesmo tempo.

Embora não seja considerada como algo “normal”, fenômenos alucinógenos têm se tornado cada vez mais comuns, muito embora não se saiba a real causa para esse aumento.

O importante é que você entenda como esse fenômeno que costuma produzir medo e estranheza, na verdade pode ser explicado e controlado com os avanços da área médica e psicológica.

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