Segundo a OMS, a taxa de mortalidade por suicídio na região das Américas tem aumentado, demonstrando a necessidade de darmos uma atenção mais aprofundada à questão. Todos os dias, cerca de 30 brasileiros se suicidam. Em cerca de 90% dos casos, porém, eles podem ser evitados. É por isso que o Setembro Amarelo ganha destaque como um mês de conscientização e prevenção ao suicídio. Neste texto, exploraremos a importância desse movimento e como ele tem se consolidado como uma iniciativa vital na luta contra o ato suicida, buscando entender os fatores que o desencadeiam e as estratégias para oferecer apoio às pessoas em situação de vulnerabilidade. Juntos, podemos quebrar tabus, promover o diálogo e, mais importante, salvar vidas.
Na cartilha de prevenção ao suicídio da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e do Conselho Federal de Medicina (CFM),revela-se que de cada 100 brasileiros, 17 já tiveram pensamentos sucidas. Vale lembrar que fazem parte do que habitualmente chamamos de comportamento suicida não somente as tentativas de tirar a própria vida, mas também os pensamentos e os planos.
Diante desses dados foi necessário alguns movimentos decisivos na sociedade para lidar com esse grave problema de saúde pública. Um desses movimentos é o Setembro Amarelo, que vem desempenhando um papel crucial na conscientização e prevenção ao suicídio no Brasil e em muitos outros países ao redor do mundo.
A origem do Setembro Amarelo
O Setembro Amarelo, movimento criado pela Associação Brasileira de Psiquiatria estabelece diversos objetivos, todos convergindo para a prevenção do suicídio. Entre eles, destacam-se: Conscientizar a sociedade sobre a realidade do suicídio e da depressão, reduzir o estigma em torno da saúde mental, do pensamento suicida, fornecer informações sobre os sinais de alerta do suicídio, promover o diálogo aberto sobre saúde mental, oferecer recursos e apoio para aqueles em risco, encorajar a busca por tratamento e ajuda profissional.
O mês de setembro é amplamente reconhecido como um período de conscientização crucial em todo o mundo, focado no combate ao suicídio. Essa campanha global visa disseminar informações, quebrar estigmas e fornecer recursos essenciais para a prevenção do suicídio e o apoio às pessoas em risco, com ideações suicidas. A escolha de setembro como o mês dedicado a essa causa não é arbitrária, mas sim estratégica, considerando vários fatores que contribuem para a relevância dessa época do ano.
Setembro marca o retorno às aulas em muitas partes do mundo. O início de um novo ano acadêmico pode ser um período estressante para estudantes, professores e pais. As transições educacionais frequentemente desencadeiam pressões psicológicas, aumentando o risco de problemas de saúde mental e, por consequência, de pensamentos suicidas. Portanto, o Mês de Conscientização sobre o Suicídio em setembro é particularmente oportuno para abordar essas questões.
A chegada de setembro também marca a transição do verão para o outono no hemisfério norte. As mudanças nas estações podem afetar o humor e o bem-estar das pessoas, com a chegada do outono representando um período desafiador para aqueles já lutando contra problemas de saúde mental. O foco da campanha em setembro reconhece esse contexto e busca fornecer suporte necessário.
No dia 10 de setembro, celebramos o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Essa data serve como um farol, atraindo a atenção global para a importância da prevenção do suicídio. A campanha se estende durante todo o mês para aproveitar o ímpeto gerado por esse dia especial, ampliando a conscientização e ação.
Ao longo dos anos, o movimento de conscientização sobre o suicídio cresceu substancialmente, e setembro se firmou como o mês dedicado a essa causa vital. Organizações, grupos de apoio e profissionais de saúde mental aproveitam esse período para divulgar informações essenciais, promovendo a prevenção do suicídio.
O Mês de Conscientização sobre o Suicídio em setembro não é apenas uma sequência de dias no calendário, mas uma oportunidade crucial para salvar vidas. Durante este período, eventos educativos, palestras, caminhadas, campanhas de mídia social e outras iniciativas buscam informar sobre os sinais de alerta do suicídio, como buscar ajuda e como apoiar aqueles em situação de risco. Ao educar a sociedade e reduzir o estigma em torno do suicídio, podemos fazer a diferença, fornecendo apoio vital para aqueles que mais precisam. O mês de setembro é, portanto, um momento para refletir, agir e, acima de tudo, demonstrar compaixão para com aqueles que lutam contra o peso insuportável do suicídio.
A escolha da cor amarela como símbolo do Setembro Amarelo é carregada de significado. O amarelo representa a luz, o calor e o otimismo. Essa cor simboliza a esperança, a vitalidade e a clareza, características fundamentais na prevenção do suicídio e também da ideação suicida. O amarelo também é uma cor que chama a atenção, destacando-se em meio a multidões e representando a necessidade de trazer à luz uma questão frequentemente mantida nas sombras.
A Importância do Diálogo
Um dos aspectos cruciais na prevenção do suicídio é a abertura para o diálogo sobre saúde mental. As conversas desempenham um papel fundamental na prevenção, uma vez que permitem que as pessoas compartilhem seus sentimentos, preocupações e dificuldades relacionadas à saúde mental.
Quando as pessoas se sentem à vontade para compartilhar suas experiências, isso cria um ambiente de compreensão e apoio mútuo. Essa rede de apoio desempenha um papel significativo em reduzir o isolamento e a solidão frequentemente associados a problemas de saúde mental. Ao proporcionar um espaço onde os indivíduos podem expressar seus sentimentos e pensamentos sem julgamento, as conversas abertas contribuem para fortalecer o elo humano e oferecer suporte emocional necessário.
É fundamental que todos estejam dispostos a ouvir atentamente, demonstrar empatia e encorajar o diálogo sobre saúde mental em suas comunidades. Essas conversas não apenas ajudam a identificar pessoas em risco, mas também promovem um ambiente em que a busca por ajuda e tratamento seja vista como algo positivo e encorajador. O Setembro Amarelo nos ajuda a quebrar os tabus sobre o assunto e nos da informação para saber lidar com a situação, além de nos lembra da importância dessas conversas abertas e do apoio mútuo na prevenção do suicídio.
Como suspeitar que alguém pode precisar de ajuda
Identificar os sinais de alerta de que alguém pode estar enfrentando pensamentos suicidas é essencial para a prevenção. Amigos e familiares devem estar atentos a mudanças no comportamento, como isolamento social. Isso significa observar se a pessoa passou a se afastar gradualmente de interações sociais, se tornando mais reclusa. Além disso, é crucial prestar atenção a expressões de desesperança ou desamparo, manifestadas por comentários que indicam falta de perspectiva ou um sentimento avassalador de impotência.
Outro sinal de alerta importante é quando a pessoa enfrenta dificuldades constantes em lidar com o estresse e a adversidade, demonstrando uma incapacidade persistente de enfrentar situações desafiadoras. A realização de preparativos para a morte, como fazer um testamento ou se desfazer de pertences pessoais, também é uma indicação séria de que alguém está contemplando o suicídio. O aumento do consumo de álcool ou drogas pode ser uma forma de enfrentar sentimentos de desespero, e quando uma pessoa começa a fazer isso, é um sinal de alerta.
Por fim, quando alguém fala abertamente sobre o desejo de morrer ou sobre se sentir um fardo para os outros, esses comentários não devem ser ignorados. Identificar esses sinais é apenas o primeiro passo. Agir com compaixão, oferecer apoio emocional e encorajar a busca por ajuda profissional são passos cruciais para auxiliar aquela pessoa em seu momento de vulnerabilidade. O Setembro Amarelo nos lembra que a prevenção do suicídio é uma responsabilidade compartilhada por todos, e a detecção precoce dos sinais de alerta desempenha um papel fundamental nesse esforço conjunto.
Possíveis causas
A prevenção do suicídio envolve também a compreensão das possíveis causas que levam alguém a considerar tirar a própria vida. Alguns dos fatores de risco mais comuns incluem transtornos mentais, especialmente depressão e transtorno bipolar, que podem gerar uma profunda desesperança e angústia emocional. O histórico de tentativas de suicídio anterior é um indicador preocupante, assim como um histórico familiar de suicídio, que pode aumentar a vulnerabilidade de um indivíduo.
Conflitos familiares, incluindo a perda dos pais e disputas constantes, assim como a incapacidade de expressar emoções e a sensação de falta de amor e compreensão em relacionamentos, são situações que podem gerar uma intensa angústia em indivíduos. Essa angústia, por sua vez, pode desencadear reações impulsivas que, em casos extremos, podem resultar em comportamentos suicidas.
Além disso, o abuso de substâncias, como álcool e drogas, pode contribuir significativamente para o risco de suicídio, muitas vezes agravando problemas emocionais já existentes. O estresse crônico, que pode surgir devido a situações financeiras precárias, problemas no trabalho ou relacionamentos conturbados, também está associado a um maior risco de pensamentos suicidas. O isolamento social, que pode resultar da falta de uma rede de apoio, é outro fator a ser considerado.
Por último, o acesso a meios letais, como armas de fogo, pode aumentar a probabilidade de uma tentativa de suicídio ser fatal. É importante notar que, muitas vezes, não existe uma única causa, mas uma combinação de fatores que contribuem para o risco de suicídio. Portanto, a prevenção eficaz deve incluir a identificação e o tratamento de fatores de risco, bem como o apoio às pessoas em situação de vulnerabilidade.
Como Ajudar e Onde Buscar Ajuda
Para aqueles que desejam ajudar alguém que esteja passando por momentos difíceis, é fundamental estar ciente dos recursos disponíveis. Organizações e instituições de saúde mental oferecem apoio tanto para aqueles que estão em risco quanto para suas redes de apoio.
É importante encorajar a pessoa a buscar ajuda profissional, como psicólogos, psiquiatras e terapeutas, que são especialistas em oferecer o tratamento adequado e estratégias para lidar com pensamentos suicidas. Além disso, existem linhas de apoio telefônico e online disponíveis 24 horas por dia para fornecer assistência imediata a quem está em crise. Encorajar a utilização desses recursos pode fazer a diferença entre a vida e a morte.
Uma opção valiosa de tratamento é o Grupo Recanto, uma instituição dedicada ao suporte emocional e à saúde mental. O Grupo Recanto oferece uma gama de serviços e terapias que visam auxiliar indivíduos que enfrentam desafios emocionais, incluindo aqueles que lidam com pensamentos suicidas. Seus profissionais qualificados proporcionam um ambiente acolhedor e seguro para a recuperação. Portanto, considerar o Grupo Recanto como uma opção de tratamento pode ser um passo crucial na jornada de recuperação de alguém que enfrenta o risco de suicídio.
Atividades Durante o Setembro Amarelo
Durante o mês de setembro, um amplo espectro de ações e atividades é realizado em todo o mundo como parte do Setembro Amarelo, formando uma mobilização global dedicada à conscientização e prevenção do suicídio. Essas iniciativas abrangentes e envolventes têm como objetivo central disseminar informações cruciais e envolver a comunidade na missão de combater o suicídio. Aqui estão alguns detalhes sobre as atividades comuns realizadas durante este mês:
Palestras Educativas: Uma das formas mais eficazes de informar a sociedade sobre saúde mental e prevenção do suicídio é por meio de palestras educativas. Profissionais de saúde mental, voluntários e especialistas realizam apresentações para compartilhar informações vitais sobre os sinais de alerta do suicídio, estratégias de prevenção e recursos disponíveis para aqueles em risco.
Caminhadas e Corridas em Prol da Causa: Muitas comunidades organizam caminhadas e corridas solidárias durante o Setembro Amarelo. Esses eventos não apenas promovem a conscientização, mas também incentivam a atividade física, que pode ter benefícios significativos para a saúde mental. Participantes se unem para mostrar apoio à causa e arrecadar fundos para organizações de saúde mental.
Campanhas de Mídia Social: A era digital desempenha um papel importante na conscientização durante o Setembro Amarelo. Campanhas de mídia social são lançadas com mensagens de apoio, histórias inspiradoras e informações educativas sobre a prevenção do suicídio. Hashtags específicas são usadas para ampliar o alcance e incentivar a discussão aberta sobre o tema.
Iluminação Amarela de Edifícios e Monumentos: Como parte da campanha, muitas cidades ao redor do mundo iluminam edifícios e monumentos com luz amarela. Essa iluminação simbólica é uma forma visível de mostrar solidariedade e chamar a atenção para a importância da prevenção do suicídio.
Eventos de Arrecadação de Fundos: A arrecadação de fundos desempenha um papel vital no apoio às organizações de saúde mental. Durante o Setembro Amarelo, são realizados eventos dedicados a arrecadar fundos para financiar programas de prevenção, tratamento e apoio emocional. Essas atividades não apenas educam a sociedade sobre os sinais de alerta e o apoio disponível, mas também incentivam a participação ativa na causa. O Setembro Amarelo é um momento crucial para que pessoas, comunidades e organizações se unam na missão de prevenir o suicídio, promovendo uma conversa aberta e solidária sobre a saúde mental.
Conclusão
O Setembro Amarelo emerge como um farol de esperança em um cenário sombrio de crescente incidência de suicídios em todo o mundo. A conscientização e prevenção do suicídio são temas que merecem nossa atenção e ação constante, e este mês dedicado a essa causa vital desempenha um papel crucial nessa jornada. Ao longo deste texto, exploramos a importância deste movimento, desde a origem estratégica da escolha do mês de setembro até a representação simbólica do amarelo como sinal de esperança.
O diálogo aberto sobre saúde mental, a identificação dos sinais de alerta e o entendimento das possíveis causas do suicídio são fundamentais para a prevenção. As conversas e o apoio mútuo são a base de nossa capacidade de detectar e ajudar aqueles em situação de vulnerabilidade. Além disso, as atividades e eventos realizados durante o Setembro Amarelo servem como uma plataforma para informar, envolver e inspirar ações concretas.
No entanto, a prevenção do suicídio é um esforço contínuo que deve transcender este mês de conscientização. É uma responsabilidade compartilhada por todos, uma demonstração de compaixão e apoio para aqueles que lutam contra o peso insuportável do suicídio. Nossas ações podem fazer a diferença, e nosso compromisso de quebrar tabus, promover o diálogo e buscar recursos de apoio é uma demonstração de solidariedade para com nossos semelhantes. O Setembro Amarelo é uma lembrança anual de que juntos podemos salvar vidas e construir um mundo onde a esperança e o apoio sejam sempre a luz que guia aqueles em tempos de escuridão.
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.