Viver ao lado de alguém com Transtorno Bipolar é um desafio que exige amor, paciência e informação. Em muitos momentos, familiares se perguntam: “Será que chegou a hora de internar?” Essa dúvida é comum e cercada de medo, culpa e, às vezes, desinformação.
A verdade é que a internação psiquiátrica não deve ser vista como punição, mas sim como um recurso terapêutico e protetor, indicado em situações de crise grave, quando a pessoa perde momentaneamente o controle sobre seus impulsos, emoções ou comportamentos.
Neste artigo, o Grupo Recanto, explica de forma clara quando um bipolar deve ser internado, quais sinais observar, como agir de maneira segura e como a família pode participar do processo de recuperação.

O que é o Transtorno Bipolar e como ele se manifesta?
O Transtorno Bipolar é uma condição psiquiátrica caracterizada por oscilações intensas de humor, energia e comportamento. A pessoa pode alternar entre fases de euforia (mania ou hipomania) e depressão profunda, com períodos de estabilidade entre elas.
Essas mudanças não são simples “altos e baixos emocionais”. Elas têm base neurobiológica, e costumam causar impactos profundos na vida social, profissional e afetiva da pessoa.
As principais fases do transtorno são:
- Episódio maníaco: humor excessivamente elevado, impulsividade, fala acelerada, sono reduzido e comportamentos de risco (como gastos descontrolados, abuso de substâncias ou decisões perigosas).
- Episódio hipomaníaco: semelhante à mania, mas em grau mais leve.
- Episódio depressivo: tristeza profunda, desesperança, lentidão, pensamentos suicidas ou perda de prazer pelas atividades.
O tratamento é contínuo e multidisciplinar, envolvendo psiquiatra, psicólogo, equipe terapêutica e o apoio familiar. Mas em algumas situações, a internação se torna necessária para garantir a segurança e estabilização do quadro.

Quais sinais indicam que o bipolar precisa de internação
Reconhecer o momento certo de buscar ajuda é um passo de amor e responsabilidade.
Veja os principais sinais que indicam que a pessoa com bipolaridade precisa de internação:
Há risco de suicídio ou automutilação?
Na fase depressiva, o perigo está na ideação ou tentativa de suicídio.
Outros sinais incluem:
- Isolamento total.
- Choro constante e desesperança.
- Falas sobre morte ou desejo de desaparecer.
- Recusa alimentar ou de medicação.
- Práticas de automutilação, como cortes, queimaduras ou ferimentos autoinduzidos.
A automutilação é um sinal de sofrimento emocional extremo. Nem sempre está associada à tentativa de suicídio, mas indica dor psíquica intensa e necessidade urgente de acolhimento profissional.
Muitas vezes, o ato de se ferir é uma tentativa de expressar ou aliviar um sofrimento interno que a pessoa não consegue colocar em palavras. Nessas situações, a família deve agir com empatia e sem julgamento, evitando frases como “isso é para chamar atenção”.
⚠️ Tanto a ideação suicida quanto a automutilação são emergências psiquiátricas. Nessas situações, procure atendimento médico imediato ou leve a pessoa a um serviço de emergência psiquiátrica.
O paciente apresenta agressividade ou delírios?
Se a pessoa bipolar começa a colocar sua vida ou a de terceiros em perigo, seja por comportamentos violentos, impulsivos ou autodestrutivos, a internação é uma medida de proteção imediata.
A lei brasileira (Lei nº 10.216/2001) garante que a internação seja feita com respaldo médico e respeito à dignidade humana.
Durante a mania, o indivíduo pode:
- Agir com impulsividade extrema (gastos, promiscuidade, agressividade).
- Dormir pouco ou ficar dias sem dormir.
- Demonstrar delírios de grandiosidade (“sou invencível”, “tenho poderes”).
- Ter comportamentos perigosos, como dirigir em alta velocidade ou se envolver em brigas.
Quando a pessoa perde o senso de realidade, o risco é alto e a internação é fundamental.

Ele abandonou totalmente o tratamento?
Muitos pacientes, durante a mania, acreditam estar curados e interrompem o uso de medicamentos. Essa descontinuação abrupta pode desencadear crises graves e levar à necessidade de internação para estabilização medicamentosa.
A internação pode ser feita sem o consentimento do paciente?
Para compreender melhor o processo, é importante conhecer os três tipos de internação previstos em lei:
Diferença entre internação voluntária, involuntária e compulsória
- Internação voluntária: quando o paciente reconhece a necessidade de tratamento e consente com a internação.
- Internação involuntária: ocorre sem o consentimento do paciente, mas a pedido da família ou responsável legal, com laudo médico que comprove a necessidade.
- Internação compulsória: determinada pela Justiça, geralmente quando há risco à vida ou à ordem pública.
Em todos os casos, o foco é a recuperação e reintegração do paciente, e a comunicação à autoridade sanitária é obrigatória para garantir transparência e legalidade.
O que a lei brasileira diz sobre cada tipo
Todos estão regulamentados pela Lei nº 10.216/2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental no país.
Em todos os tipos de internação, o objetivo central é assegurar que nenhum paciente seja privado de liberdade injustamente, e que a internação ocorra de forma ética, transparente e humanizada, com supervisão médica e participação da família.
- Internação voluntária: Segundo a Lei nº 10.216/2001, o paciente tem o direito de pedir a alta a qualquer momento, desde que o médico responsável avalie que não há risco à sua saúde ou à de terceiros.
- Internação involuntária: A lei determina que a internação involuntária deve ser comunicada obrigatoriamente ao Ministério Público em até 72 horas;
O tempo de permanência deve ser apenas o necessário para estabilizar o quadro clínico e que o tratamento deve ser avaliado periodicamente, garantindo que a internação não se prolongue além do necessário.
- Internação compulsória: Mesmo nesses casos, a lei garante o direito de defesa e acompanhamento jurídico do paciente, a fiscalização constante dos órgãos públicos e o dever de assegurar condições dignas de tratamento, com foco na recuperação e reinserção social.

Como funciona o tratamento durante a internação psiquiátrica?
Internar um familiar com transtorno bipolar não é abandono — é ato de amor e responsabilidade. Significa reconhecer que, naquele momento, ele precisa de mais cuidado do que a família pode oferecer.
Quando feita com critério e em ambiente humanizado, a internação é uma oportunidade de renascimento, não um fim.
Ao escolher uma clínica, procure saber se ela oferece:
- Equipe multiprofissional (psiquiatra, psicólogo, terapeuta ocupacional, enfermeiro, assistente social).
- Acompanhamento 24 horas.
- Espaços terapêuticos e atividades estruturadas.
- Acolhimento familiar.
- Compromisso com a dignidade e o respeito ao paciente.
O Grupo Recanto, localizado em Pernambuco e Sergipe, é reconhecido por seu modelo biopsicossocial, que une ciência, cuidado e empatia.
Seu Projeto Terapêutico Individualizado busca resgatar a autonomia e o equilíbrio emocional de cada paciente, respeitando sua história e seus limites.
Qual o papel da família antes e depois da internação
A internação não encerra o tratamento — ela marca o recomeço. A participação da família é essencial em todas as etapas:
- Durante a internação: mantenha contato com a equipe terapêutica e envie mensagens de apoio.
- Após a alta: estimule o paciente a seguir o plano terapêutico, comparecer às consultas e tomar as medicações corretamente.
- Em casa: promova um ambiente calmo, com rotina e acolhimento.
No Grupo Recanto, o acompanhamento familiar é parte do processo terapêutico. A equipe ajuda os familiares a entender o transtorno, lidar com recaídas e fortalecer os vínculos.

Conclusão: cuidar também é aprender a pedir ajuda
O Transtorno Bipolar é uma condição tratável. Com acompanhamento adequado, medicação correta e apoio familiar, é possível levar uma vida plena e equilibrada.
Mas em alguns momentos, a internação é o passo necessário para garantir segurança, dignidade e recuperação.
Se você tem dúvidas, não espere a crise se agravar. Busque ajuda profissional. No Grupo Recanto, você encontra uma equipe especializada em saúde mental e dependência química, preparada para acolher com respeito, técnica e sensibilidade.
Entre em contato, converse com nossa equipe e descubra como podemos ajudar você e sua família a superar esse momento com segurança e esperança.












