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Transtorno de despersonalização e desrealização
Publicado em: 16 de agosto de 2023

Atualizado em: 25 de abril de 2024

Transtorno de despersonalização e desrealização

Você já teve a impressão de que estava fora de seu corpo? Que os seus sentimentos e pensamentos não te pertencem? Que as coisas que você toca ou enxerga estão distantes, como se não existissem? Esses são alguns dos critérios diagnósticos para o transtorno de despersonalização e desrealização, segundo o DSM-5.

Esse transtorno não aparece com tanta frequência nas pesquisas, porque é um transtorno difícil de ser diagnosticado. Muitas vezes pode ser confundido com um delírio, transtorno depressivo maior ou até mesmo com um transtorno psicótico. Os próprios pacientes relatam a dificuldade de ter passado por vários tratamentos que não funcionaram devido ao mau diagnóstico.

Por isso, através das informações trazidas, vamos entender melhor as especificidades desse transtorno.

Transtorno de despersonalização e desrealização: O que é?

Para bem entender esse transtorno, vamos dividir em duas partes: despersonalização e desrealização.

Despersonalização

Os episódios de despersonalização são momentos nos quais surge uma sensação de irrealidade, de estranheza ou distanciamento de si mesmo. Os pensamentos que atormentam são “será que sou esse corpo?” ou “tem algo de meu aqui?”. Além do distanciamento físico, também existe o distanciamento do sentimento, ou seja, mesmo que sinta algo por alguém ou por algo, não consegue expressar ou até mesmo sentir, por exemplo, um filho que ama a mãe mas não consegue sentir esse amor, mesmo sem nada ter acontecido.

Quem sofre com esse transtorno acaba ficando muito confuso com seus próprios sentimentos e pensamentos, não sabe mais o que é de fato dele, por não tomar propriedade, e acaba deixando de enxergar a realidade como via antigamente, levando a um estado de apatia ou até depressão.

Uma forma de bem exemplificar essa situação: a pessoa com despersonalização sente que não mais tem seu corpo, mas que está controlando um robô.

Desrealização

Já a desrealização é uma experiência de irrealidade ou distanciamento em relação ao ambiente ao redor, ou seja, ao mundo externo.

Na desrealização o indivíduo parece estar desconectado do mundo, os objetos, como diz o DSM-5, são vistos como irreais, oníricos, nebulosos, inertes ou visualmente distorcidos. 

Quando descreve o mundo, a pessoa com esse transtorno não demonstra lucidez nem envolvimento afetivo com o ambiente, como se estivesse em um sonho. São sintomas que interferem em todos os sentidos do corpo: a audição, visão, tato, paladar e  o olfato.

Essas duas sensações, acontecendo com frequência e atrapalhando os afazeres e relações diárias, caracterizam o transtorno. Vale destacar que todas essas sensações e pensamentos não podem ser fruto de consumo de drogas, medicamentos ou de uma doença.

Como se realiza o diagnóstico do transtorno de despersonalização/desrealização?

Aqui se encontra um dos maiores desafios do transtorno. Além de um diagnóstico bem feito, é necessário que o paciente consiga expressar bem o que sente, para poder definir esse transtorno.

O transtornos de desrealização tem uma semelhança com alguns sintomas de outros transtornos, como a esquizofrenia, o transtorno de pânico, o transtorno depressivo maior, o transtorno do estresse agudo, o transtorno do estresse pós-traumático. 

Então, por mais que o DSM-5 defina uma estrutura de o que deve ser observado, é necessário ter uma sensibilidade e técnica apurados, além de um paciente sem estigmas.

Além do que já foi dito em relação a necessidade de uma frequência dos sintomas de despersonalização e desrealização, atrapalhando a vida social do paciente, e do fato de que esses sintomas não podem advir de uso de substâncias ou de doença, o DSM-5 também diz que durante os sintomas, as provas de realidade se mantém intactas. Esses são os critérios observados no momento do diagnóstico do transtorno de despersonalização e desrealização.

Como o tratamento do transtorno de despersonalização e desrealização é feito?

O transtorno de despersonalização e desrealização geralmente está associado a uma ansiedade generalizada e persistente, assim como traumas não resolvidos da infância ou até da adolescência. Ou seja, é um transtorno de somatizações, como é o caso de outros tão graves quanto.

Por isso, algumas vezes, quando são resolvidas essas questões que trazem ansiedade, naturalmente os sintomas do transtorno vão desaparecendo. Contudo, não é tão fácil como parece, por isso, é necessário o acompanhamento pelas duas frentes da saúde: o farmacológico e o terapêutico.

Por ser um transtorno de somatizações, geralmente ligada a ansiedade, por muitas vezes é utilizada, no tratamento, os antidepressivos e os ansiolíticos, com o intuito de melhor estabilizar seus sintomas, retirando a carga excessiva e pesada.

Na parte clínica, a Psicoterapia psicodinâmica e terapia cognitivo-comportamental têm apresentado boas respostas.

As abordagens cognitivas e comportamentais são eficazes para o controle do pensamento obsessivo, que é uma percepção distorcida da realidade, auxiliando no bloqueio desses pensamentos e na redução da obsessão em relação a estados irreais. As técnicas comportamentais têm o propósito de envolver as pessoas em atividades que as distraiam da despersonalização. As técnicas de ancoragem, por exemplo, utilizam os cinco sentidos – audição, tato, olfato, paladar e visão – para promover uma maior conexão consigo mesmas e com o mundo ao seu redor.

No âmbito das técnicas psicodinâmicas, o foco está em auxiliar as pessoas a lidar com conflitos insuportáveis, emoções negativas e experiências das quais sentem a necessidade de se distanciar. 

O monitoramento e a rotulagem contínuos dos episódios de dissociação e do afeto (a expressão externa de emoções e pensamentos) ajudam as pessoas a reconhecer e identificar os sentimentos de dissociação. Esse reconhecimento é benéfico para algumas pessoas, pois permite que elas se concentrem no que está acontecendo verdadeiramente no momento presente.

Conclusão

O transtorno de despersonalização e desrealização é uma condição psicológica complexa, é fundamental aumentar a conscientização sobre esse transtorno. Além disso, é necessário desenvolver abordagens de tratamento adequadas e personalizadas para os indivíduos afetados por esse transtorno. A psicoeducação e o apoio contínuo aos pacientes também são essenciais para ajudá-los a compreender e lidar com sua condição. 

É importante destacar que o transtorno de despersonalização e desrealização não é uma condição imaginária, mas sim uma experiência real e debilitante para aqueles que a vivenciam. Com uma abordagem holística, que envolva a cooperação entre profissionais de saúde mental, pesquisadores e pacientes, podemos avançar na compreensão e no tratamento desse transtorno, oferecendo uma melhor qualidade de vida para aqueles que são afetados por ele.

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