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Codependência Familiar no processo de cura do dependente químico
Publicado em: 15 de maio de 2020

Atualizado em: 23 de março de 2022

Codependência Familiar no processo de cura do dependente químico

A codependência familiar se refere a uma dependência de ordem emocional da qual pessoas que convivem com adictos podem vir a desenvolver.

Essa relação é marcada por preocupações e cuidados excessivos para com o dependente químico, sendo assim ela pode acabar por gerar consequências ao codependente e é marcada por etapas e sintomas que podem ser desenvolvidos de diferentes formas no contexto familiar.

A família possui um papel muito importante na vida do dependente químico e por conta disso também se faz necessário que além do adicto, elas tenham o suporte e tratamento necessários à sua saúde e bem-estar.

Diante disso, é preciso estar atento aos sintomas que se manifestam na família da codependência para que esta consiga lhe dar melhor com a toda a situação.

O Que é Codependência Familiar

O termo codependência teve origem em centros de tratamento em Minnesota mais precisamente na década de 1970, muito utilizado para se referir a pessoas que tinham sua vida prejudicada por um membro em sua família com a dependência química.

O codependente é o indivíduo que é influenciado de forma direta pelas ações realizadas por outra pessoa e que acaba por tentar controlar essas ações.

A dependência química também pode ser vista como sendo uma doença que afeta os familiares dos adictos, pois representa sofrimento para eles e acaba adoecendo-os de maneira gradual. 

Sendo assim, a dependência química adoece também as pessoas que se encontram próximas ao adicto.

Ela é caracterizada por uma forte ligação emocional de familiares em relação a um membro que esteja passando por problemas com o álcool ou outras drogas por exemplo.

Geralmente, nessa relação os familiares se preocupam de forma excessiva com o dependente, onde podem existir padrões de comportamentos patológicos que acabam por gerar ainda mais sofrimento a eles.

Na maioria das vezes o codependente familiar são os pais ou cônjuges que mantem contato direto com o adicto e que vivem suas vidas em razão do dependente, passam a assumir a responsabilidade pelos problemas dele, onde manifestam uma preocupação excessiva com os seus atos.

Nessa relação o codependente não compreende que ao cuidar do outro acaba por esquecer de olhar para si mesmo, deixando muitas vezes de lado seus próprios planos e objetivos de vida, sendo assim ele é considerado dependente da dependência do adicto.

 Vale ressaltar também, que a codependência familiar não se refere apenas aos casos de dependência química de álcool ou outras drogas, mas também a qualquer contexto onde se tenha a presença de pessoas com qualquer espécie de comportamento considerado doentio, de ligação emocional ou psicológica.

Entenda como podemos te ajudar.

O Que é Codependência emocional

Primeiro se faz preciso distinguir a diferença entre codependência familiar e a codependência emocional.

Onde a primeira se refere a indivíduos que possuem um ente dependente químico, cujo contexto familiar é influenciado pelo adicto e o segundo se refere a qualquer indivíduo que possua uma forte ligação emocional em qualquer tipo de relacionamento.

Está ligada a indivíduos que vivem suas vidas em função de agradar e atender aos desejos do outro em seu relacionamento, onde o dependente emocional não consegue sequer pensar em sua vida sem a outra pessoa, sustentando assim sentimentos intensos, como a insegurança ou medo de perder, por exemplo.

A codependência emocional se refere a pessoas que dependem emocionalmente de outra pessoa onde essa relação acaba por prejudicar a prática de um relacionamento saudável e equilibrado.

Ela também pode estar ligada a um estado psicológico onde o indivíduo é manipulado por outro, por meio de uma condição considerada patológica.

Nem sempre essa condição pode estar ligada a uma questão patológica, porém, é importante considerar este fato para que haja o devido cuidado e tratamento do codependente.

A codependência emocional gera consequências negativas a ambas as partes envolvidas, pois o que acaba acontecendo é que nessa relação existe uma pessoa em que a sua felicidade depende de que seu parceiro esteja sempre ao seu lado e de que não abandone o relacionamento.

Etapas da Codependência Familiar

Muitas vezes o contexto familiar é comprometido com o uso abusivo de álcool ou outras drogas que é realizado por algum dos membros da família, desta forma, o impacto que ela acaba sofrendo corresponde aos comportamentos que vão acontecendo com o adicto ao longo do tempo.

A dependência química acarreta impactos negativos não somente ao adicto, mas também nos membros da família e na dinâmica de suas relações.

Como os familiares estão em contato direto com o dependente químico existem algumas etapas que caracterizam a evolução dos impactos gerados dessa relação pela qual existe no processo da codependência familiar.

Negação

Nesta primeira, ocorre a negação que é um mecanismo de defesa, onde o familiar nega a realidade e o contexto no qual está vivendo, nega o fato de seu ente ter envolvimento com drogas.

Aqui o codependente não admite e não aceita que esteja passando por esta situação em sua família e que isso possa estar acontecendo com eles.

Desespero

Na segunda etapa os familiares ficam muito preocupados com essa situação e começam a tentar controlar o consumo da droga do dependente químico, como também as consequências de ordem física, emocional, profissional e sociais relacionadas a esse uso, ou seja, tentam a todo custo camuflar a situação da qual estão vivendo.

Aqui é bastante comum um clima de mentiras com relação a dependência do álcool ou outras drogas, onde a regra é não falar sobre o assunto, mantendo a ilusão de que não existem problemas ou dificuldades a serem superadas na dinâmica familiar.

Controle

Na terceira etapa ocorre uma desordem na família onde seus membros começam a assumir papéis e responsabilidades que não são suas, mas sim do dependente químico.

O núcleo familiar acaba por facilitar que o adicto não se responsabilize por seus próprios atos, como também pelas consequências do mesmo.

Desta maneira, os familiares em vez de se encarregarem de cuidar da doença, acabam por se tornarem participantes da mesma, o que representa um enorme perigo para ambos os envolvidos.

Exaustão Emocional

A quarta e última etapa é marcada por uma exaustão emocional, podendo aparecer nessa relação familiar com o adicto, variados distúrbios comportamentais e de saúde, como ansiedade ou depressão, entre muitos outros, que podem acabar por afetar todos os membros.

Todo esse contexto é bem comum de acontecer em uma família codependente e ela pode levar até mesmo ao afastamento entre os membros gerando assim uma desorganização no convívio e dinâmica familiar.

Apesar dessas etapas serem um padrão na codependência familiar, esses fenômenos não necessariamente acontecem da mesma forma ou na mesma ordem, porém, os familiares podem sentir culpa ou vergonha por estarem passando por essa situação.

E por conta disso muitas vezes acabam não assumindo que existe um problema e assim demoram ainda mais, para procurar ajuda profissional, fazendo com que as consequências acabem por se agravar ainda mais.

Como a codependência se desenvolve no âmbito familiar

O âmbito familiar está sempre sofrendo alterações, pois é um sistema dinâmico, ao se deparar com um de seus membros com dificuldades com o consumo de drogas, o impacto que a família sofre é comparado as mesmas reações que acontecem com o adicto.

As relações familiares se modificam e se desorganizam com esse acontecimento, tornando a convivência normal conflitiva.

No primeiro momento onde se é confirmado que a família possui um membro dependente químico, a primeira atitude muitas vezes é tentar a todo custo controlar o comportamento dele.

Logo de início as pessoas pensam que esse comportamento faz parte apenas de uma fase da qual ele esteja passando.

A partir do momento em que os impactos negativos causados a família se mostram de forma mais clara, ela passa a ficar atenta a qualquer tipo de movimentação que ele venha a ter.

Essa conduta adotada pela família do adicto é algo natural, mas que se torna prejudicial, conforme ela adoece juntamente com ele.

A família se desestrutura emocionalmente por conta da dependência química e diante desse quadro na codependência familiar os seus membros se negam que existe um problema.

Se encontram envolvidos em uma ilusão não conseguindo enxergar a gravidade da situação e de que estão passando por um problema sério, que pode se agravar ainda mais caso não seja resolvido de forma adequada.

Os familiares fecham os seus olhos para o contexto na qual estão vivendo, não querem admitir para si mesmo que possuem um membro que tem problemas com o consumo abusivo de álcool ou outras drogas.

A família acaba por se responsabilizar pelos comportamentos inadequados do adicto, se tornando uma espécie de participante da sua doença.

Temos como exemplo, uma mãe com um filho dependente químico e que não consegue ter a iniciativa de internar o rapaz para o devido tratamento, pois possui uma forte ligação emocional da qual prefere não fazer isso.

Em outro exemplo, uma esposa que acaba aceitando e se submetendo as consequências resultantes do comportamento do seu marido adicto ao álcool, como agressividade, intolerância e rispidez praticados por ele.

Portanto, a família que tenta proteger o dependente, com o objetivo de impedir determinados tipos de comportamentos deste, ou para que eles não sejam descobertos é considerado um codependente.

E o codependente que age desta forma, encobrindo os acontecimentos que são considerados como uma vergonha para a sociedade pelo simples fato de estarem desinformadas, acredita que está o ajudando, quando na realidade está dificultando que um possível tratamento adequando seja realizado.

Conforme a doença do adicto evolui, os mais próximos ficam emocionalmente envolvidos na situação e não possuem a consciência de que estão vivendo em um ciclo disfuncional em seu vínculo familiar com o dependente.

De início, o primeiro e melhor auxílio que devem dar ao adicto é a ajuda e orientação da sua situação, para que não sejam participantes do padrão da doença, sem a visão de que podem acabar por piorar a situação.

Portanto, se faz necessário compreender que a família pode fazer de tudo que achar melhor para ajudar e mesmo assim a doença progredir sem nenhum tipo de controle.

Sendo assim, nenhuma família irá convencer o dependente a parar de usar drogas tentando controlar os seus comportamentos.

Sintomas e consequências

É bem comum os codependentes familiares expressarem alguns sintomas, pois passam por situações que podem lhe causar exaustão emocional, alguns dos sintomas são:

  • Baixa autoestima
  • Ansiedade
  • Depressão
  • Estresse
  • Medo de ser abandonado
  • Necessidade de controlar o comportamento do outro
  • Sentimento de incapacidade

Muitas vezes as famílias veem as consequências da dependência química, como sendo um problema na esfera dos relacionamentos pessoais e sociais, que acabam por dificultar o desenvolvimento e preservação dos laços afetivos.

A família sabe que o dependente precisa parar de usar drogas, assim que veem o surgimento dos sintomas físicos que prejudicam as suas atividades cotidianas.

Esses contextos de conflitos fazem com que a família sofra, lhe causando também marcas físicas, sociais e psicológicas profundas, ela acaba sofrendo os impactos que o consumo abusivo do álcool e outras drogas causam em alguns de seus membros.

As consequências do consumo de substâncias psicoativas não afetam somente o dependente químico, mas também os seus familiares os transformando em codependentes químicos.

O relacionamento e o convívio familiar se tornam insustentável e acaba como consequência causando adoecimentos nos membros, e fragilizando seus vínculos.

Toda essa dinâmica familiar gera sofrimento e prejuízos de ordem psicológica, emocional, física, comportamental, cultural e também espiritual, ou seja, pode haver consequências em todas as áreas da vida deles, tendo em vista que o ser humano é um ser biopsicossocial.

Conforme o codependente deixa suas próprias necessidades, planos ou projetos no decorrer de sua vida, ela acaba abandonando e anulando a si mesmo.

Normalmente a consciência de suas escolhas presentes, acontecem a longo prazo e isso só é percebido no decorrer do tempo que poderia ter sido investido em si mesmo, em seus planos de vida e objetivos.

Todas essas situações acabam por provocar prejuízos para a saúde que podem ser manifestados através de doenças psicossomáticas, onde as mais comuns são os quadros de depressão e ansiedade. 

Além dessas, as consequências também incluem problemas com a interação social, econômicos e legais.

É bastante comum as famílias terem problemas econômicos, devido aos gastos excessivos que o dependente químico fez, os problemas legais podem incluir as agressões físicas, psicológicas ou morais.

Já as consequências na interação social podem incluir problemas na dinâmica familiar, como por exemplo separações entre o membro dependente e seu cônjuge ou isolamento social da família em uma tentativa de se evitar sentimentos como a vergonha, humilhação ou raiva.

Como tratar a codependência familiar

A família não pode carregar o peso de ser considerada a responsável pela dependência química de algum membro de sua família, no entanto, por conta da falta de conhecimento sobre a doença, os que convivem mais próximos a eles podem acabar por não permitir que ela seja identificada.

E podem até mesmo, contribuir para a sua evolução, e para que seu tratamento seja evitado.

Identifique o tratamento correto

Procurar o tratamento adequado é a maneira mais eficaz de se viver livre desse ciclo, é preciso tratar tanto o dependente químico quanto a sua família, para que ambos passem por uma mudança e voltem a conviver de forma mais equilibrada e saudável.

É importante que exista o acompanhamento médico adequado de acordo com cada demanda familiar.

O tratamento tem como principal objetivo auxiliar os membros da família a ter relacionamentos mais saudáveis, e a saberem lidar da melhor forma com o seu ente dependente químico.

Tem a finalidade de resgatar a autoestima dos membros da família para que tenham uma maior assertividade quanto aos comportamentos futuros no relacionamento com o adicto.

Como em alguns casos a codependência envolve problemas relacionados a saúde psicológica ou emocional, como por exemplo a depressão ou ansiedade e por conta disso, é indispensável o auxílio de um médico psiquiatra ou psicólogo para a avaliação de cada caso.

Seja verdadeiro e identifique o problema

Portanto, embora os membros codependentes procurem ajuda profissional e tratamento, estes só terão efeito quando conseguem ter a consciência de que possuem um problema.

Os codependentes são afetados de forma direta pelo convívio com um ente em sua família que é um dependente químico, e por conta disso, possuem muita dificuldade para ter a iniciativa de pedir ou aceitar ajuda.

Para ir à procura de tratamento os codependentes primeiro precisam aceitar que possuem essa condição.

Um dos locais mais apropriados para os familiares encontrarem acolhimento e adquirirem informações sobre a doença da adicção é através de grupos de apoio que tem seu foco em questões sobre a dependência química.

Assim como também, palestras que possuem uma intenção de instruir essas pessoas de forma gradativa, diminuindo a ansiedade das famílias, que tem como objetivo possibilitar um local onde essas pessoas com dificuldades semelhantes, sejam compreendidas e ajudadas, compartilhando suas experiências e buscando soluções a diversas situações.

Nesses grupos é visto uma rede de apoio por meio de trocas de informações e testemunhos das vivencias dos participantes, senso assim, muitas vezes dentro deles são compreendidas a necessidade de se realizar mudanças nos diversos comportamentos inadequados das famílias.

Além dos grupos de ajuda, muitas vezes se faz preciso também, que a família busque outros meios, como o tratamento que é feito através de psicoterapias, terapia familiar e caso necessário de alguns tipos de medicações.

Por meio do entendimento do problema, a família pode adotar certas atitudes que podem direcionar o adicto para uma recuperação.

Nesse processo de tratamento é muito importante que os familiares codependentes façam algum tipo de acompanhamento psicológico, terapia de casal ou uma terapia individual, ambas se constituem essenciais, porque esse ciclo não pode ser rompido sem ajuda.

Todos esses meios de ajuda as famílias se constituem como um meio da aceitação não só da doença do adicto, mas das mudanças que precisam ser feitas em seus comportamentos e ações diante do contexto ao qual estão vivendo.

Estabeleça regras firmes

A melhor maneira da família ajudar o adicto é estabelecer determinadas regras para uma convivência familiar mais saudável, se colocando à disposição para auxiliá-lo em qualquer tipo de tratamento que ele queira realizar.

Informe-se sobre o tema

As famílias dos dependentes químicos precisam de cuidados e informação para que possam aprender a viver com eles de maneira mais equilibrada e livre do sentimento de culpa. 

Portanto, conhecer quais os processos de ordem emocional que estão presentes na dependência química são indispensáveis.

Esse processo faz com que os familiares acabem buscando ajuda de forma mais clara sobre o tratamento do adicto em uma clínica especializada em dependência química como a do Grupo Recanto.

As pessoas que se encontram envolvidas na vida do dependente não podem tratar a doença dele, pois isto deve ser feito com o tratamento adequado em uma clínica de reabilitação por profissionais especializados.

Entenda como podemos te ajudar.

Conclusão

Sabe-se que a dependência química é uma doença que afeta o indivíduo em uma esfera global, ou seja, acaba o prejudicando em todas as áreas de sua vida.

Por conta disso, o seu contexto familiar também é atingido, devido a convivência em um ambiente disfuncional que acaba por prejudicar e causar sofrimento aos seus familiares.

Todos os familiares que convivem com o adicto de forma direta podem sofrer com o fenômeno da codependência familiar.

A codependência acontece quando a família acaba se envolvendo de forma direta e intensa com o adicto, vivendo em função de agradar a ele e tentando de toda forma controlar os seus comportamentos.

A família codependente se preocupa de forma excessiva com o dependente químico, ela possui etapas que são desenvolvidas diante desse processo, que podem acabar por gerar nelas sentimentos como vergonha, medo, frustração e a não aceitação da doença.

Diante disso, as famílias podem acabar por desenvolverem sintomas que podem comprometer também a sua saúde física e psicológica.

Vale lembrar que assim como existe tratamento para o dependente químico, também existe para a sua família.

Tratamentos como grupos de ajuda mútua, terapia familiar ou psicoterapia individual se constituem como alternativas para cuidar dos familiares.

Portanto, se faz preciso dar atenção não somente a dependência química, mas também a essas famílias e estar atento aos sintomas que podem aparecer da codependência familiar, para que possam ser adotadas medidas para ajudar e auxiliar a todas nesse processo.

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