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Nutrição e felicidade: O papel da nutrição na saúde mental
Publicado em: 08 de setembro de 2023

Atualizado em: 29 de janeiro de 2024

Nutrição e felicidade: O papel da nutrição na saúde mental

Já percebeu que quando se deixa de comer sentimos coisas além da fome? Alguns ficam estressados, outros ficam cansados, tem aqueles que até ficam tristes. Assim também quando se come muito, sentimos sono, cansaço, pra alguns até enjoos, uma indisposição. O nosso corpo já demonstra que a alimentação é um fator determinante para o bem-estar emocional, e vamos aprofundar um pouco mais nesse texto sobre isso.

Uma alimentação desbalanceada pode causar graves mudanças no nosso desenvolvimento, até mesmo doenças. Uma pessoa com uma dieta problemática está propensa a doenças, não só cardiovasculares, mas também a depressão, ansiedade, e até transtornos mais graves. 

Diante disso, foi criado uma ciência para estudar esses impactos em nossa vida, a nutrição. É a partir dessa ciência que podemos perceber a constituição dos alimentos, e também entender como aquilo que nos alimentamos impacta diretamente na produção de nossas células, dos nossos neurotransmissores, que explicaremos melhor sua função nesse texto, e no nosso bem-estar emocional.

Cada vez mais médicos, psicólogos e psiquiatras têm investigado e percebido que:  nossos hábitos alimentares contribuem para nossos estados mentais, por isso, não é possível limitar a prática do autocuidado às sessões de terapia, ao controle da ansiedade, à redução do estresse e outras práticas ligadas ao bem-estar emocional e psicológico sem dar atenção a alimentação. Por isso vamos ao texto.

O significado do bem-estar

imagem representando o bem-estar

Antes de nos aprofundarmos nas questões alimentares, é essencial entender o significado do que seria o  bem-estar. O que levamos em consideração para dizer que a vida tem sido vivida com bem-estar? É um conceito que parece ser simples, e que se confunde com um estado de vida “sem problemas”, mas podemos deixar mais articulado. 

O bem-estar é basicamente quando temos as áreas da vida, incluindo aspectos físicos, mentais, sociais e ambientais, positivamente equilibrados. Por exemplo, um trabalho satisfatório não seria suficiente sem uma moradia adequada, assim como uma boa saúde física não seria completa sem o bem-estar mental. Esses elementos estão interligados, formando uma rede complexa. 

A relação entre bem-estar emocional e alimentação é crucial, pois a nutrição desempenha um papel fundamental na saúde física e mental. Manter hábitos alimentares saudáveis é essencial para nutrir adequadamente o corpo e prevenir problemas de saúde. Além disso, interfere diretamente em como sentimos a felicidade, o prazer, o ânimo para bem fazer as obrigações. Alguns alimentos podem melhorar o humor e a disposição, estimulando a produção e liberação de substâncias do próprio corpo, responsáveis por regular as emoções, o sono, o apetite e a sensação de bem-estar. E é sobre isso que trataremos na continuação do texto.

Fatores que influenciam a saúde mental 

Ainda em busca de entender melhor o que seria o bem estar emocional, a Organização Mundial da Saúde (OMS) traz o conceito de que um estado de bem-estar é aquele que o indivíduo tem capacidade de usar as suas competências, se recuperar do estresse do dia a dia e, ainda, ser produtivo. Adicionamos que esse bem estar precisa estar ligado não apenas a uma visão resolutiva e material da vida, mas principalmente a se organizar como ser humano no mundo.

Então, esse estado de bem-estar é alcançado através de diversos fatores biopsicossociais, como prática de exercícios físicos, relacionamentos saudáveis, sucesso acadêmico, condição financeira favorável, vida profissional satisfatória, autoestima e boa alimentação. É possível perceber que não é algo tão fácil de alcançar, certo? E enquanto não chegamos a essa conquista, começam a surgir os sentimentos de estresse, ansiedade, preocupação. É a partir daí que começa a desestruturação.

Por isso, é necessário perceber que a vida é um ciclo, e também que precisamos estar preparados para as intercorrências da vida. Cuidar da saúde mental é um trabalho contínuo. É perceptível que durante nossa vida virão sofrimentos, complicações, dificuldades, e nosso corpo reagirá. É por isso que precisamos estar atentos, perceber que o segredo não é estar buscando estar no controle de tudo, mas estar estruturado para as situações de descontrole.

Por isso, é necessário prestar atenção às suas emoções e pensamentos durante todas as fases da sua vida, pois situações diferentes causam reações únicas. De uma hora para a outra, a tranquilidade habitual do seu cotidiano é ameaçada por um desafio jamais enfrentado e combater emoções e pensamentos negativos que contribuem para o estresse e o desânimo é essencial para preservar a saúde mental. 

E é daí que surge a preocupação de adquirir bons hábitos e uma rotina que ajude nas intempéries. Sempre que saímos de uma consulta em qualquer área da saúde temos as instruções mais comuns: reeducação alimentar e exercício. Não é por acaso, a vida com essa base estruturada é capaz de mudar muita coisa, não só para saúde física, mas também pra saúde mental. 

LEIA TAMBÉM: Saúde mental: Saiba como se cuidar e a importância para o nosso bem-estar

Como as escolhas de alimentação podem afetar a saúde emocional

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Dentre as bilhões de células que compõem nosso cérebro, as principais são os neurônios. Os neurônios são células especiais do nosso corpo que agem como mensageiros. Eles transmitem informações entre diferentes partes do nosso cérebro e corpo. Quando tocamos algo quente, os neurônios enviam essa mensagem ao cérebro, que responde rapidamente, fazendo-nos retirar a mão. Essas células são como o “cabo” da comunicação que nos permite pensar, sentir, aprender e controlar os movimentos. E a funcionalidade deles depende da alimentação.

A nutrição vem trazer exatamente esse esclarecimento: Quais alimentos podem fazer esses mensageiros funcionarem? E a partir desses estudos, 3 neurotransmissores, que dão energia para os neurônios, se destacaram: Dopamina, Serotonina e Noradrenalina. 

A Dopamina é um neurotransmissor que está associado ao sentimento de recompensa, à capacidade de engajamento e permanência em alguma atividade. A falta desse neurotransmissor prejudica a realização de tarefas simples como comer, se higienizar ou manter relação sexual. O desequilíbrio na liberação desse neurotransmissor é responsável pelos vícios e compulsões. A produção e bom funcionamento desse neurotransmissor depende da ingestão de proteína, ou seja, carnes em geral, boi, frango, porco, além de leite e derivados que contêm o aminoácido fenilalanina. Se em nossa dieta não comemos proteínas, vamos ter o desequilíbrio emocional do nosso corpo, como falado.

A Noradrenalina trata-se de um neurotransmissor produzido a partir da dopamina. É o responsável, junto com a adrenalina, pela resposta de lutar ou fugir diante de uma situação de estresse. Sua atuação em nosso organismo inclui o aumento da glicemia, da frequência cardíaca e da pressão arterial. O desequilíbrio da noradrenalina, tanto sua falta quanto seu excesso, resulta em medo e ansiedade, podendo causar até crises de pânico. Uma dieta sem proteína, além de causar o desequilíbrio da dopamina, consequentemente traz o desequilíbrio da noradrenalina. 

E é a Serotonina que devemos o sentimento de felicidade, de sentido da vida, de preenchimento interior. O seu desequilíbrio está associado aos quadros de depressão. O principal precursor da serotonina é o  triptofano, obtido pela ingestão de alimentos, como banana, ovo, leite, chocolate amargo, amêndoas, mel, sementes e grãos.

Através desse esclarecimento, que contém apenas alguns exemplos, percebemos a importância da alimentação balanceada, de alguns processos que acontecem no corpo que apenas com uma boa alimentação são efetivos. Além dos processos internos, a reação de remédios, que buscam controlar a ansiedade, por exemplo, também depende desses neurotransmissores funcionando de forma correta. Ou seja, é fundamental darmos atenção a uma melhor alimentação.

Como melhorar a alimentação?

Quantas vezes, no momento em que pensamos em melhorar nossa saúde através da alimentação pensamos na palavra “dieta”. Contudo, essa não é a melhor estratégia para construir uma boa relação com a comida. A dieta vem com uma intenção de resultados mais rápidos, que vai acontecer em um tempo pré determinado, para chegar a um objetivo específico.

Melhorar a alimentação está mais relacionado a o termo que ouvimos falar com mais frequência recentemente: reeducação alimentar. Ou seja, mudar a forma que enxergamos a comida, perceber aquilo que precisamos retirar de nossa rotina de alimentação, construir novos hábitos de alimentação, para melhor especificar, vamos trazer algumas dicas:

Coma regularmente e evite ficar muito tempo sem se alimentar. Procure fazer refeições de três em três horas e substitua lanches pesados por opções mais leves, como frutas, oleaginosas e iogurtes. Faça pequenas mudanças em sua alimentação, prestando atenção em como se sente após cada refeição. Seja persistente e lembre-se de que os resultados podem levar tempo para serem percebidos. 

Planeje suas refeições para evitar falta de tempo. Pesquise receitas saudáveis e deixe-as pré-preparadas para quando sentir fome. Anote os alimentos que precisa comprar no mercado e procure dicas de planejamento com o nutricionista. 

Além disso, reflita sobre sua relação emocional com a comida. Muitas pessoas usam doces e lanches para aliviar o estresse, o que pode se tornar um hábito prejudicial. Consultar um psicólogo pode ajudar a desenvolver maneiras mais saudáveis de lidar com o estresse, ansiedade e desânimo, além de consolidar bons hábitos em outras áreas da vida.

Conclusão

Em síntese, este texto procurou explorar a relação entre alimentação e bem-estar emocional, destacando a importância dos neurotransmissores, como a dopamina, serotonina e noradrenalina, na regulação do nosso estado de humor. Foi evidenciado que uma alimentação desbalanceada pode influenciar negativamente nossa saúde mental, resultando em problemas como ansiedade, estresse e depressão. 

Diante disso, enfatiza-se a relevância de adotar uma abordagem de reeducação alimentar, priorizando a construção de hábitos saudáveis em detrimento de dietas restritivas. O acompanhamento profissional, como o nutricionista e o psicólogo, emerge como um suporte fundamental nesse processo, oferecendo orientações personalizadas para uma alimentação adequada e auxiliando na gestão emocional. 

Compreender a interconexão entre a alimentação e a saúde mental é essencial para promover um estilo de vida mais equilibrado e satisfatório. Por meio da conscientização sobre os efeitos dos alimentos em nossa química cerebral, podemos desenvolver uma relação mais saudável com a comida, cuidar de nossa saúde emocional e aprimorar nossa qualidade de vida de maneira integral. Nesse sentido, futuras pesquisas e intervenções podem aprofundar ainda mais esse campo de estudo, enriquecendo o conhecimento e contribuindo para uma abordagem mais completa e efetiva no cuidado da saúde mental.

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