A vergonha é, muitas vezes, traduzida por um sentimento ou uma situação que traz tristeza e infelicidade ou pode estar ligada a atitudes que sejam criticadas ou reprovadas pelas pessoas.
Também pode vir com algo relacionado ao passado, como por exemplo uma criança que cresceu numa família desestruturada, em um ambiente que não era sadio.
Assim, superar e extinguir esse mal é um dos primeiros passos para se livrar do vício, visto que a qualquer momento o uso de drogas pode se agravar.
O sentimento de falta de adaptação destas pessoas é grande, não conseguem se sentir completamente à vontade perto de outras pessoas e tendem a se esconder, a evitar o novo e a manter segredos pessoais.
Essas pessoas crescem acreditando não ter valor, estando na maior parte do tempo na defensiva e socializam pouco ou quase nada.
O mesmo ocorre com as drogas, quem as usa se sente envergonhado, já que tal uso traz infelicidades, sendo, ainda, um ato desaprovado pelos demais.
Dessa forma, inicia-se o ciclo do vício: quanto mais usa, mais se sente envergonhado e, então, mais sente a necessidade de continuar a usar para esconder a nova vergonha.
As barreiras que escondem a vergonha
Se vendo em uma situação crítica, um adicto pode fazer o uso do perfeccionismo como método para esconder a vergonha e assim, o indivíduo tende a cobrar de si mesmo de maneira excessiva.
Como ninguém consegue ser perfeito, as falhas acontecem e, então, o indivíduo passa a nutrir um sentimento de vergonha sobre si mesmo o incapacitando de pedir ajuda.
De maneira oposta ao perfeccionista, existem aqueles que se sentem desconfortáveis com certas situações e se valem da falsa autoconfiança.
Externam uma imagem enquanto, por dentro, sentem-se vazios e incompletos, dessa maneira, terminam utilizando substâncias químicas ou álcool para preencher o vazio, contudo, o efeito é contrário e assim se sentem ainda mais vazios.
Tanto em um como em outro caso, há uma sensação de alívio que não dura, apenas escondem o problema sem a menor chance de resolvê-lo.
É preciso que se tenha em mente que o “ser humano é um ser falível e menos que perfeito”.
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Entendendo a vergonha
A vergonha pode estar presente em diversas situações da vida do indivíduo, ela não necessariamente é uma característica da timidez, pois qualquer pessoa pode vir a senti-la.
Ela pode ser decorrente devido a algo errado que o indivíduo fez e que se arrepende, a críticas, sentimentos de inadequação ou quando fracassamos em uma situação da qual queríamos acertar.
A vergonha é um problema emocional, ela cria obstáculos ao desenvolvimento pessoal de cada um e isola o indivíduo, cria um vazio interno e impede relacionamentos, afastando a real autoconfiança.
Deve-se lembrar que a vergonha é um estado permanente e envolve a valorização própria do indivíduo que é diferente da culpa que ocorre em virtude de um ato ou uma repreensão por algo.
Mas a vergonha pode ser modificada e para isto, assumir ter vergonha é o primeiro passo para tal modificação, logo após, é necessário analisar de onde vem essa vergonha e ao final, se deve alterar o padrão de comportamento que é gerador da vergonha.
O sentimento de vergonha e os familiares
No processo de tratamento do dependente químico a família se depara com a vergonha, pois a aceitação do problema se torna difícil devido a negação de que possui um familiar que está envolvido com drogas, pois são tomados pela vergonha diante dos vizinhos e amigos, pois custam a admitir que possuem um dependente em sua família.
Desta forma, acabam se afastando dele e se tornando um obstáculo em sua recuperação, sendo assim, é muito importante que o dependente tenha o apoio e auxílio da sua família nesse momento difícil.
Se faz preciso que ela busque ajuda e informações para saber como agir de forma correta, sem serem tomados pela vergonha, ajudando da melhor maneira possível no processo de recuperação.


Aceitando e tratando a vergonha causada pelo vício
A vergonha faz parte da vida de qualquer indivíduo, podendo acontecer em maior ou menor grau de intensidade, ela tem início desde as primeiras relações sociais que são construídas no decorrer da vida e mesmo não sendo uma vivência agradável, ela não possui um cunho obrigatoriamente negativo.
Boa parte da vergonha adquirida surge na infância e na adolescência, mas o indivíduo não deve esquecer que, em ambos os casos, não possuía estabilidade emocional para entender e encarar os fatos, nem era responsável pelo modo como era tratado.
Não basta apenas querer mudar, o indivíduo adulto, antes de qualquer coisa, deve aceitar sua impotência perante o vício, aceitando, ainda, determinadas características em sua conduta, como a própria vergonha.
Assim, o tratamento da dependência é baseado na TER (Terapia Racional Emotiva) e é preciso entender que nem todo sentimento é gerado a partir de uma situação específica, mas sim fruto da vivência, da personalidade e interpretação de cada um.
A vergonha tem de ser combatida por um raciocínio lógico, deve-se perguntar “quem”, “o quê”, e “por que” a fim de se descobrir seu fundamento e sua origem.
Logo se verá que era um sentimento fútil, ocasionado por algo que não tinha relevância ou que fora ocasionado por outra pessoa.
Este não é um processo rápido e de resultados iminentes e é feito dia a dia, sendo colocado em prática toda vez que o sentimento de vergonha surgir, o indivíduo deve se valorizar, colocando-se como imperfeito e falível, assim como qualquer outro.
As Clinicas de reabilitação, os terapeutas e leituras sobre o tema complementam o tratamento, além de grupos de apoio direcionados ao fato gerador da culpa (abuso sexual, excesso de peso, problemas financeiros ou familiares, AA ou NA).
A vergonha é, enfim, um juiz interior que analisa e repreende a pessoa, onde este juiz é implacável e cobra em excesso.
É preciso, portanto, para que este juiz perca força, que cada um tenha em mente que não é perfeito e que está sujeito a erros.
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Conclusão
Não é uma tarefa fácil para o dependente químico voltar a viver a sua vida normalmente, depois do consumo abusivo de álcool ou outras drogas, pois muitas vezes o sentimento que se tem é de vergonha e por conta disso ele acaba se isolando, como uma forma de se proteger dos olhares da sociedade.
É necessário que o dependente mesmo estando livre das drogas, possa ter ajuda da sua família e amigos para superar os obstáculos presentes no processo de recuperação.
Muitos dependentes têm vergonha de procurar a assistência de profissionais, ou até mesmo de falar sobre o problema que vem enfrentando do uso de drogas, com alguém próximo que conseguiria ajudar nesse momento.
A vergonha é um dos grandes desafios a serem superados e um dos primeiros passos para o tratamento da obsessão e compulsão por drogas.
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.