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Vício tem cura? Entenda quais são os sintomas e como tratar
Publicado em: 21 de janeiro de 2021

Atualizado em: 27 de abril de 2021

Vício tem cura? Entenda quais são os sintomas e como tratar

Mais importante do que saber se vício tem cura ou não, é entender o que significa esse termo para que, assim, seja possível tratar o problema.

Aqui, no Grupo Recanto, lidamos com alguns tipos de adicção, como a dependência química e o alcoolismo.

No entanto, existem vários outros.

A minha ideia ao apresentar este artigo é desmistificar alguns lugares-comuns e tentar eliminar preconceitos sobre o assunto, tais como “só é viciado quem quer” e “essa condição é sinônimo de falta de caráter”, por exemplo.

Como veremos a seguir, não é nada disso – muitas vezes, estamos falando de uma síndrome crônica, que exige vigilância integral.

Então, continue lendo para se informar melhor a respeito do tema.

O que é vício?

O vício é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença de impactos físicos e psicoemocionais.

Ele pode ter um componente genético, algum tipo de predisposição hereditária, mas é algo essencialmente comportamental.

O pesquisador, escritor e médico Gabor Maté tem uma interpretação muito interessante sobre o tema.

Segundo ele, o vício é o preenchimento de uma necessidade humana fundamental que não foi corretamente satisfeita.

Em outras palavras, a dependência, seja ela qual for, instaura-se quando o indivíduo está em um estado de vulnerabilidade emocional (falta de vínculos e afetos, isolamento, excesso de estresse) e recorre a um tipo de adicção como uma forma de buscar alívio e satisfação.

Isso não quer dizer, no entanto, que toda pessoa que passa por problemas dessa natureza vai se tornar um adicto, mas a maioria dos dependentes, ao longo de suas vidas, vão apresentar um passado de traumas ou carências.

O vício, então, é uma escolha?

Aqui, é preciso cuidado.

Toda essa introdução sobre o vício pode levar a uma falsa conclusão de que se tornar um adicto é uma escolha, mas não é.

Ninguém acorda um dia e diz: “Quero me tornar um dependente químico, um alcoólatra ou algo do gênero”.

O vício é uma resposta a uma dor emocional – e, convenhamos, ninguém escolhe sentir dor.

Maté, inclusive, defende que esse pensamento simplista de que a adicção é uma escolha tem a ver com o sistema legal de muitos países, que tem como princípio punir indivíduos para que esse tipo de comportamento seja combatido e evitado.

Quando um hábito se torna um vício?

A compulsão, portanto, nada mais é do que um costume nocivo.

Assim, um hábito vira vício quando ele passa a não proporcionar mais aquele prazer genuíno, ultrapassando os limites saudáveis.

O indivíduo deixa de viver sua vida, encarar suas responsabilidades, seus deveres e compartilhar momentos de alegria com os familiares e amigos, para ficar em função da adicção, alterando completamente a sua essência.

Ou seja, um dependente muda o seu comportamento.

Ele se afasta das pessoas, do trabalho (exceto o workaholic, mas isso é um caso específico que tratarei mais à frente), deixa de lado cuidados básicos, mente.

Isto é, tem o seu sistema de crenças e valores posto de ponta-cabeça.

Outro fator que diferencia um hábito saudável de um vício diz respeito às consequências da sua prática.

Digamos que você tem o costume de malhar todos os dias, mas, eventualmente, não consegue ir à academia.

Você pode até sentir frustração em ter faltado à atividade física, mas logo vai superar.

Agora, com o vício, é diferente.

É muito difícil parar.

Se malhar fosse uma compulsão, e não um hobby, você, provavelmente, deixaria de cumprir a sua rotina para dedicar horas em busca do corpo perfeito.

O que acontece com o cérebro de uma pessoa viciada?

O cérebro humano é responsável por diversas funções, como a produção de neurotransmissores, os mensageiros químicos que enviam informações às células.

A dopamina é um desses emissores, e é capaz de, entre outras coisas, despertar a sensação de bem-estar e satisfação.

Diversas situações e substâncias fazem com que ela entre em ação: comer uma comida saborosa, pular de paraquedas, fazer sexo, praticar atividades físicas, realizar compras, usar drogas, etc.

A dopamina, assim como outros neurotransmissores, funciona por um sistema de recompensas.

É como se cada vez que você experimentasse uma sensação positiva, o seu cérebro registrasse aquela informação e incentivasse que aquilo que gerou o bem-estar fosse feito mais vezes.

Mas o que parece a receita para a felicidade, pode acabar se tornando um vício.

Fiz toda essa explicação para exemplificar como o sistema nervoso funciona.

No entanto, agora, você pode estar se perguntando: o que diferencia o cérebro de um adicto de o de uma pessoa saudável?

A resposta é: o equilíbrio.

Conforme falei, a dopamina é apenas um dos neurotransmissores produzidos pelos neurônios, mas existem outros que ajudam a administrar a massa cinzenta e deixar o nosso organismo em harmonia.

Quando a pessoa tem um vício, esse tipo de equilíbrio não existe mais – é como se algo tivesse sido quebrado.

Nesse caso, podem acontecer dois cenários: o neurotransmissor não é absorvido corretamente ou passa a ser liberado em uma quantidade muito maior que a necessária.

Em outras palavras, há uma mudança química no cérebro, que afeta diretamente o tal sistema de recompensas.

O vício acaba tomando conta e, em alguns casos (como com a cocaína, o cigarro e a heroína, por exemplo), substâncias se “disfarçam” de dopamina, enganando o cérebro e impedindo que o neurotransmissor real volte para o seu neurônio de origem.

Ao ficar muito tempo sem consumir a droga ou se submeter à situação geradora da dependência, os níveis de dopamina caem vertiginosamente e, então, o adicto é tomado por um desejo incontrolável de repetir o uso.

São as chamadas crises de abstinência.

No caso do álcool e de outras drogas, as ocorrências são ainda mais sérias, pois o comprometimento químico é mais severo.

O prejuízo é tão grande porque o organismo passa a ter mais tolerância à substância em questão.

Na prática, isso significa que, para experimentar a sensação passageira de bem-estar, o indivíduo precisa administrar doses cada vez maiores de entorpecentes, visto que as quantidades anteriores não têm mais efeito.

É como se o corpo fosse se acostumando à droga e ao álcool.

Qualquer coisa pode se tornar um vício?

Basicamente, sim.

As pessoas associam muito o vício ao alcoolismo e à dependência química, mas ele pode vir de outras fontes.

Como mostrei, a compulsão é uma fuga da dor na busca por uma gratificação momentânea. 

Esse prazer fugaz pode vir das mais variadas formas: das compras por impulso, das horas extras no trabalho, das apostas, das madrugadas em frente ao computador jogando online, além, é claro, da bebida e de outras drogas.

Portanto, qualquer relação estabelecida em que haja um desejo incontrolável e constante, seguido de uma sensação de alívio e que seja acompanhada, em longo prazo, de consequências negativas e a dificuldade de cessar o uso, é caracterizada como vício – não importa qual seja a causa.

Quais são os tipos mais comuns de vícios?

Agora que você já sabe o que é um vício e como ele compromete o sistema nervoso central, vamos conhecer os tipos mais comuns.

Bebidas alcoólicas

O alcoolismo é um dos vícios mais conhecidos e comuns.

Em geral, ele é caracterizado pela vontade incontrolável de beber, pela ausência de controle no consumo e na tentativa de parar a ingestão, pelo aumento da tolerância e pela dependência física da substância.

Cigarro

Assim como o vício em bebidas alcoólicas, este também é bastante comum e facilitado por se tratar de uma droga lícita.

Aqui, a nicotina é uma das principais razões para a dependência.

Internet e redes sociais

Com uma rotina cada vez mais conectada, a compulsão pela internet e pelas redes sociais tem se tornado comum.

Pessoas de todas as idades, mas sobretudo os mais jovens, têm passado horas em frente aos computadores e abusado das postagens em busca de likes e aceitação.

Sexo

Responsável natural pela liberação de dopamina, o sexo também pode virar compulsão.

A grande característica desse tipo de vício é a dificuldade para controlar seus impulsos sexuais – quem sofre desse problema costuma ser mais suscetível a estímulos sensoriais.

Drogas ilícitas 

De efeitos alucinógenos, depressores e estimulantes, as drogas ilícitas têm um grau de dependência muito elevado.

Entre as mais conhecidas, temos: maconha, cocaína, crack, heroína, ecstasy, LSD e MD.

Jogos digitais

Em 2018, o vício em jogos digitais foi reconhecido, oficialmente, pela OMS como um distúrbio.

Inclusive, já foram registrados casos de pessoas que faleceram em decorrência de parada cardíaca e outras complicações em virtude da exaustão causada por jogar sem o devido descanso e alimentação adequada.

Apostas

A compulsão por jogos de azar também é bastante comum e pode estar associada a diversos fatores, como desespero por dinheiro fácil, experimentar sensações extremas e se desafiar.

Algumas das principais consequências desse vício são a falência e a perda de bens e posses.

Medicamentos

A farmacodependência, como também é conhecida, é um assunto sério que, inclusive, pode levar à morte.

Um dos seus principais incentivadores é o hábito da automedicação.

Compras

Todos nós, por necessidade, temos que comprar coisas.

O problema aparece quando o ato deixa de ser uma questão de demanda e passa a ser realizado por prazer e impulso.

Ou seja, adquirir produtos que sequer precisamos também é um tipo de compulsão.

Compulsão alimentar

Nos alimentarmos é uma necessidade, mas existem pessoas que consomem muito mais do que o organismo precisa.

Quem sofre desse tipo de compulsão tende a comer bastante em intervalos curtos de tempo e mesmo quando não há mais fome.

Trabalho

O workaholic é aquele indivíduo que tem compulsão pelo trabalho.

A condição caracteriza-se pela busca incessante pela satisfação profissional que, muitas vezes, faz a pessoa deixar de lado as próprias necessidades e a família.

Também tem a ver com a vontade de se provar – para si mesmo e para os outros – e de mostrar que é capaz.

Quais são os sintomas de uma pessoa viciada?

Uma pessoa viciada apresenta sintomas que podem variar conforme a sua adicção, mas listo alguns que são comuns em quase todos os quadros:

  • Dificuldade para controlar seus impulsos
  • Impotência em relação ao vício
  • Aumento da frequência do uso da substância ou de se submeter à experiência da situação em questão
  • Incapacidade de reconhecer o problema, mesmo diante de todos os indícios
  • Tudo passa a ser um gatilho para a sua dependência.

Afinal, vício tem cura?

O vício é um problema crônico e, por isso, não tem cura.

No entanto, essa condição pode ser tratada, levando o adicto a ter uma vida normal, controlando sua compulsão e reprogramando o seu sistema de crenças e responsabilidades.

A grande questão é que a situação sempre vai exigir atenção e cuidado, não importa qual seja o tipo do vício.

Qual é a melhor forma de tratar um vício?

O vício é um sinal de que alguma coisa não está funcionando bem.

Portanto, ele não deve ser ignorado nem ser encarado como algo passageiro, que vai sumir naturalmente.

Ou seja: é essencial buscar tratamento e ajuda especializada.

No Grupo Recanto, atendemos pacientes vítimas da dependência química do álcool e de outras drogas.

Por isso, sinto-me mais seguro e confortável para falar sobre as abordagens que utilizamos para tratar esses tipos de compulsões.

Aqui, acreditamos que o melhor tratamento para um adicto é realizado de forma individualizada e humanizada.

Portanto, desenvolvemos uma metodologia que se baseia em um tripé de abordagens terapêuticas, conforme detalho a seguir.

Atendimento Biopsicossocial

Cada paciente tem a sua própria caminhada até chegar à clínica, e toda essa trajetória precisa ser analisada.

A ideia dessa metodologia é avaliar todos os aspectos biológicos, psicológicos e sociais antes de realizar qualquer tipo de diagnóstico.

Assim, é possível pensar na melhor abordagem, além de ajudar o interno a entender a sua doença.

Terapia Racional Emotiva (TRE)

Com uma visão mais clara do vício e o ganho da confiança do paciente, passamos a trabalhar a racionalização de algumas crenças limitantes desenvolvidas no quadro de dependência.

O propósito da TRE é mostrar que qualquer mentalidade, comportamento e atitude pode ser modificado para restabelecer uma relação mais saudável com os outros e consigo mesmo.

Programa dos 12 Passos 

O compartilhamento de experiências com quem viveu e vive a dependência química, em um espaço sem preconceitos e julgamentos, é fundamental nesse processo de resgate.

Nessa última etapa, o objetivo é reconhecer a impotência perante o vício, buscar na espiritualidade uma saída e lutar diariamente pela sobriedade com uma reprogramação de crenças, valores e responsabilidades.

Conclusão

Como vimos ao longo do texto, o vício não tem cura, mas ele pode e deve ser tratado com a seriedade que merece.

Nós, do Grupo Recanto, gostamos de enfatizar que cuidar de uma pessoa com dependência química é um gesto de amor e coragem.

E pode ter certeza de que, em nossas clínicas, esses dois elementos não vão faltar.

Estamos aqui para ajudar você nesse momento difícil: entre em contato conosco!

Nós ligamos para você