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Como a codependência afeta relacionamentos e saúde emocional

A codependência aparece em detalhes silenciosos. Por exemplo, você já deixou de lado seus sonhos para resolver problemas alheios? 

Ou então acredita que só é “útil” quando alguém depende de você?

Esse padrão disfarça carência de autoestima e medo do abandono, algo que prende você em relacionamentos sufocantes. 

Se isso soa familiar, respire fundo. 

Vamos entender juntos o que ela é, seus sinais e como resgatar sua vida emocional.

O que é codependência?

Codependência é um padrão emocional e comportamental em que uma pessoa depende excessivamente da aprovação, atenção ou controle sobre outra ou algo para se sentir valorizada ou segura.

Geralmente, isso acontece em relacionamentos em que um dos lados enfrenta algum tipo de dificuldade, como dependência química, emocional ou problemas de saúde mental. 

Neste cenário, a pessoa codependente sacrifica suas próprias necessidades, emoções e limites para viver pelo parceiro ou por algo que ela tem esse vínculo forte, como o álcool, que se enquadra como codependência química.

E as estatísticas provam que esta condição é um problema enorme.

Em Belo Horizonte, onde há pelo menos 304 mil pessoas com abuso ou dependência de álcool, de acordo com a pesquisa Conhecer e Cuidar do Centro Regional de Referência (CRR) em Drogas da UFMG, o número de codependentes ultrapassa 600 mil.

O que causa dependência? 

A dependência não tem uma única causa definitiva, mas pode surgir por:  

  • desequilíbrios químicos no cérebro, causados por fatores biológicos ou sociais que facilitam o desenvolvimento da condição;
  • relacionamentos passados que influenciam o comportamento atual, pois conviver com pessoas dependentes ou com traços narcisistas, antissociais e compulsivos aumentam o risco;
  • traumas e experiências na infância, como abusos, perdas, separações ou responsabilidades excessivas, fatores que moldam padrões codependentes;
  • situações difíceis no presente como instabilidade emocional, financeira ou espiritual, que levam a essa condição mesmo em quem antes estava saudável.

Tipos de codependência

Os tipos desta condição são: química, afetiva e familiar.

Abaixo, entenda melhor sobre cada uma delas.

Codependência química

Esse tipo ocorre quando alguém depende de substâncias, como álcool ou drogas. 

Neste cenário, enquanto o dependente sofre com o vício, o codependente tenta controlar suas ações, muitas vezes sacrificando seu próprio bem-estar. 

Por exemplo, um cônjuge que vive preocupado em evitar crises do parceiro alcoólatra e deixa de lado suas próprias necessidades para manter a aparente estabilidade.

Codependência afetiva

Aqui, a dependência está ligada a relações emocionais disfuncionais. 

A pessoa codependente sente insegurança, medo do abandono e um forte desejo de agradar o outro, o que molda as suas decisões para evitar conflitos.

Um exemplo clássico é alguém que permanece em um relacionamento abusivo, pois acredita que só pode ser feliz quando agrada e atende todas as demandas do parceiro.

Codependência familiar

Este tipo surge quando o problema de dependência química ou emocional afeta toda a dinâmica familiar. 

Aqui, membros da família desenvolvem sentimentos de culpa e passam a agir obsessivamente para tentar “salvar” o familiar em crise. 

Neste cenário, é comum que pais assumam todas as responsabilidades do filho dependente e negligenciam suas próprias vidas e saúde emocional.

Principais causas da codependência

As principais causas envolvem: histórico familiar da condição, traumas e abusos na infância, baixa autoestima e medo da rejeição, necessidade de controle, problemas de comunicação e limites pessoais.

Na sequência, veja como todas essas causas se apresentam.

Histórico familiar da condição

Crescer em uma família com dependência química ou comportamentos codependentes cria padrões disfuncionais que tendem a ser reproduzidos na vida adulta. 

Isso porque, neste contexto familiar, a criança aprende que cuidar do outro, mesmo que isso a anule.

Então, esse modelo é internalizado como uma forma natural de se relacionar.

Por exemplo, quem viu a mãe sempre protegendo o pai alcoólatra pode repetir essa postura com amigos ou parceiros.

Traumas e abusos na infância

Experiências como abuso físico, emocional ou negligência fragilizam a autoconfiança e deixam marcas profundas. 

Nessa causa, a busca por segurança e afeto que faltaram na infância pode levar à formação de vínculos codependentes na vida adulta. 

Assim, a pessoa aceita relações tóxicas por medo de perder o pouco de estabilidade que encontra. 

Baixa autoestima e medo da rejeição

A baixa autoestima alimenta a crença de que é preciso “merecer” ser amado, o que muitas vezes sacrifica o próprio bem-estar. 

O medo intenso de rejeição faz com que o codependente aceite comportamentos abusivos e se esforce para manter vínculos prejudiciais. 

Nesta causa, é comum vermos uma pessoa que tolera infidelidades constantes apenas para não ficar sozinha.

Necessidade de controle

Quando há caos emocional ou comportamental, a necessidade de controle surge como tentativa de restaurar a segurança. 

Ou seja, o codependente tenta monitorar ou interferir nas escolhas do outro, pois acredita que assim evitará sofrimentos maiores.

Esse comportamento cria um ciclo disfuncional, em que, por exemplo, quem vive com um dependente químico pode controlar suas rotinas, amizades e hábitos para impedir recaídas.

Problemas de comunicação e limites pessoais

A dificuldade de expressar necessidades e estabelecer limites claros leva o indivíduo a se anular em prol do outro.

Na maioria das vezes, coloca as necessidades do parceiro ou familiar acima das próprias, já que acredita que isso manterá a relação estável. 

Esse padrão costuma ser visto em pessoas que nunca dizem “não” e sempre priorizam o outro.

Quais são os sintomas da codependência?

Os sintomas são:

  • dificuldade de diferenciar atitudes saudáveis de suporte daquelas que causam prejuízos;
  • sensação de que é responsabilidade pessoal resgatar e mudar o outro;
  • medo intenso de perder o controle da situação e das relações;
  • prejuízos na saúde física e emocional, com negligência de si mesmo;
  • abandono de planos e sonhos pessoais em função do outro;
  • sinais de baixa autoestima, com sensação de utilidade apenas ao cuidar do outro;
  • sofrimento emocional intenso causado pela autonegligência;
  • tendência a se mostrar sempre solícito, mesmo em circunstâncias abusivas;
  • comportamento de aconselhar, ajudar e verbalizar preocupações excessivamente;
  • monitoramento constante do comportamento do outro, com muitas intervenções;
  • dificuldade de estabelecer e manter relações saudáveis e autônomas;
  • desenvolvimento progressivo do quadro, geralmente em fases.

Fases da codependencia 

As fases são: negação, desespero, controle e exaustão emocional.

Abaixo, entenda o que acontece em cada uma delas.

Negação

Nesta fase, a pessoa recusa-se a reconhecer o problema. 

Por exemplo, o codepentende ou familiares insistem que o uso de álcool é “normal”, para não enfrentar a realidade. 

Esse comportamento cria uma falsa sensação de segurança e impede a busca por ajuda.

Desespero

Quando a negação não sustenta mais, surge o desespero, marcado por angústia e medo. 

Nesta fase, é comum vermos, em uma relação afetiva, um parceiro que sofre com a ausência e as mentiras, mas não consegue romper. 

Deste modo, o relacionamento torna-se tenso e permeado por inseguranças.

Controle

A tentativa de resolver o problema gera a fase do controle, com ações excessivas e invasivas. 

Por exemplo, familiares passam a vigiar o dependente químico para controlar horários e finanças. 

E apesar das boas intenções, isso dificulta o tratamento adequado.

Exaustão emocional

Por fim, temos a exaustão, que surge do esforço contínuo e frustrado, com sentimentos de culpa e fracasso. 

Nesta fase, vemos, por exemplo, um parceiro afetivo que se sente esgotado por tentar salvar o outro sem conseguir. 

Aqui, ansiedade, depressão e conflitos se intensificam.

Como identificar uma pessoa codependente?

Para identificar uma pessoa codependente, é essencial observar sinais como a necessidade excessiva de controlar os outros, a negação de problemas evidentes e a presença de exaustão emocional.

Outro aspecto importante é verificar se há pessoas dependentes em seu círculo social próximo, como familiares ou parceiros, o que aumenta o risco de desenvolver a condição.

Além disso, é preciso analisar atitudes como baixa autoestima, sensação de realização apenas ao ajudar os outros, apego compulsivo a uma pessoa específica e dificuldade em impor limites ou dizer “não”.

Isso porque a identificação ocorre por meio da combinação de sinais comportamentais e pela análise do contexto social.

Afinal, existe cura para a codependência? 

A codependência não tem uma “cura” definitiva, mas é possível controlá-la com autoconhecimento, terapia e mudanças de comportamento. 

Na prática, o processo envolve reconhecer gatilhos, evitar atitudes disfuncionais e aprender a se priorizar. 

Assim como em qualquer tipo de dependência, é necessário estar atento a recaídas e compreender que cuidar de si é essencial para ajudar o outro de forma saudável.

Qual a diferença entre dependência emocional e codependência?

Para que você entenda a diferença entre as duas, abaixo preparamos uma tabela que mostra tudo isso de forma mais clara.

Dependência emocionalCodependência
Foco excessivo em uma única pessoa, buscando nela validação e felicidade.Foco no bem-estar e nas necessidades de outra pessoa, negligenciando a si mesmo.
Motivada principalmente pela insegurança, medo da rejeição e necessidade de afeto.Motivada pela necessidade de controle, de “salvar” ou “cuidar” do outro, mesmo em situações prejudiciais.
A pessoa sente que não consegue viver sem o outro, mesmo que a relação seja saudável.A pessoa se anula e tolera comportamentos abusivos ou destrutivos, acreditando ser sua responsabilidade mudar o outro.
O sofrimento surge da sensação de abandono ou ausência de reciprocidade afetiva.O sofrimento surge da frustração ao perceber que não consegue controlar ou resolver os problemas do outro.
Pode ocorrer em qualquer tipo de relação amorosa.É comum em relações com pessoas com dependência química ou comportamental, mas também ocorre em vínculos familiares ou afetivos disfuncionais.

Tratamento para codependência existe?

Sim, existe tratamento para a condição, que envolve cuidar diretamente do dependente, a psicoterapia e grupos de ajuda mútua.

Acompanhe abaixo como cada um funciona.

Tratamento do dependente

Para que o codependente supere seu quadro, é fundamental que o dependente químico receba tratamento especializado. 

No Grupo Recanto, a abordagem biopsicossocial é usada para tratar o vício e promover qualidade de vida e autonomia. 

Isso ajuda a romper o ciclo de interdependência, algo que beneficia toda a família com relações mais saudáveis e baseadas na confiança.

Psicoterapia

O codependente precisa buscar ajuda para resgatar sua autoestima e reconhecer comportamentos disfuncionais que prejudicam sua vida. 

Para isso, a psicoterapia, especialmente a Terapia Racional Emotiva (TRE), ajuda a desenvolver autoconhecimento e lidar com crenças irracionais. 

Deste modo, a pessoa aprende a modificar suas condutas e se torna menos vulnerável às emoções negativas.

Grupos de mútua ajuda

Grupos de apoio, como Amor Exigente e Codependentes Anônimos (Coda) são essenciais no tratamento da condição. 

Baseados no modelo dos 12 passos, eles promovem reuniões semanais para troca de experiências em ambientes sem julgamentos. 

Esse apoio coletivo favorece o autoconhecimento e a reconstrução do amor próprio, o que ajuda a fortalecer o compromisso com o cuidado pessoal.

Quer transformar sua vida e superar a codependência? Conheça a Clínica Hospitalar Recanto e comece sua jornada rumo à liberdade emocional hoje mesmo.

Conclusão

A codependência é um padrão silencioso que aprisiona vidas em ciclos de controle, autonegação e exaustão emocional. 

Ao longo deste texto, mostramos a você:

  • seus tipos (química, afetiva e familiar);
  • causas (traumas, baixa autoestima, necessidade de controle);
  • sintomas (dificuldade de estabelecer limites, abandono de si mesmo);
  • fases (negação, desespero, exaustão). 

Além disso, reforçamos que há esperanças, com tratamentos como psicoterapia, grupos de ajuda mútua e a abordagem biopsicossocial da Clínica Hospitalar Recanto, em que você encontra caminhos para romper essas correntes.

Mais uma vez destacamos que você não precisa carregar esse peso sozinho. 

Aqui na Clínica Hospitalar Recanto você tem apoio especializado para reconstruir sua autonomia e relações saudáveis. 

Agende sua consulta hoje mesmo e dê o primeiro passo para uma vida livre desta condição.

Fabrício Selbmann é psicanalista, palestrante sobre Dependência Química e diretor da Recanto Clínica Hospitalar – rede de três clínicas de tratamento para dependência química e saúde mental, referência no Norte e Nordeste nesse segmento.

Especialista em DependênciaQuímica pela UNIFESP, pós-graduado em Filosofia | Neurociências | Psicanalise pela PUC-RS, além de especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (Minessota).

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