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Adicção e efeitos secundários: os riscos do uso da ketamina
Publicado em: 13 de junho de 2023

Atualizado em: 19 de julho de 2023

Adicção e efeitos secundários: os riscos do uso da ketamina

Todos os anos novas drogas são estudadas para o tratamento de patologias psiquiátricas. A ciência vem fazendo grandes avanços no tratamento de transtornos como a depressão, o transtorno afetivo bipolar e a esquizofrenia.

Contudo, a comunidade médica encontra um problema quando essas medicações com finalidade terapêutica passam a ser utilizadas de modo recreativo, trazendo prejuízos à saúde geral das pessoas que as consomem. 

Neste artigo vamos discutir algumas questões sobre a ketamina trazendo pontos importantes sobre os efeitos, dependência, danos causados pelo uso e os tratamentos disponíveis para a estabilização da adicção nessa substância.

O que é a ketamina?

Criada nos anos 60 como opção de anestésico de uso humano e animal, a ketamina passou a ser um dos principais medicamentos utilizados pelos médicos cirurgiões nos procedimentos realizados.  

Na década de 80, a ketamina passou a ser consumida de modo mais intenso nos grupos de jovens e em festas, sendo utilizada na composição de uma substância conhecida popularmente como “Boa noite, Cinderela”, possuindo grande poder sedativo.

Efeitos da Ketamina no organismo

A ketamina ou cetamina é conhecida por seus efeitos dissociativos, ou seja, essa droga tem a capacidade de modificar a dinâmica da consciência do sujeito, levando a manifestação de sintomas como: alterações de juízo de realidade (delírios e alucinações), alterações de humor e despersonalização e desrealização, que dizem respeito um estranhamento com relação a si e ao mundo, respectivamente. 

Outros efeitos que podem se manifestar, são: amnésia, alterações físicas como taquicardia, sonolência, pressão alta e a presença de reações psiquiátricas e eróticas.  

A ketamina pode causar dependência?

Assim como outras drogas lícitas e ilícitas, a ketamina também possui o poder de causar dependência no sujeito que a consome. A síndrome da dependência vai se instalar quando o sujeito passa a fazer uso da ketamina de modo repetitivo e sem orientação de um profissional de saúde. 

Os sintomas clássicos da dependência química vão se manifestar nesses casos, entre eles: irritabilidade, distúrbios alimentares, desenvolvimento de outras comorbidades psiquiátricas como a ansiedade e a depressão, entre outros.

Quais são os danos causados pelo uso da ketamina?

Por interferir no estado de consciência da pessoa que a utiliza, a ketamina pode elevar o risco de morte acidental e suicido. Além disso, também pode provocar alterações importantes no armazenamento e evocação das memórias.

O uso da ketamina provoca modificações na dinâmica de liberação de neurotransmissores no cérebro. Um fator preocupante com relação ao consumo dessa substância, diz respeito a sua utilização na prática de estupros em festas e reuniões de jovens. 

Diferença entre ketamina e escetamina

A escetamina é um spray nasal vendido com o nome comercial de Spravato. Essa substância é produzida a partir da cetamina e há muito tempo pesquisadores vêm analisando a eficácia terapêutica desse composto.

Tanto a cetamina quanto a escetamina possuem ação no neurotransmissor conhecido como glutamato, trazendo efeitos positivos no tratamento do transtorno depressivo maior. 

Por ser utilizada de modo intranasal, os efeitos da escetamina costumam ser muito mais rápido do que outros medicamentos utilizados no tratamento da depressão, sendo esse um dos principais pontos positivos dessa substância. 

O uso da ketamina no tratamento da depressão

O uso da ketamina na depressão é indicado nos casos onde outros medicamentos antidepressivos foram utilizados sem a obtenção de sucesso e remissão dos sintomas depressivos. 

Esse quadro é chamado de depressão refratária, ou seja, o paciente já fez uso de antidepressivos de primeira linha associado a psicoterapia e mudança nos hábitos de vida; medicamentos de segunda linha e eletroconvulsoterapia, mas nenhum desses tratamentos surtiu efeito na estabilização do quadro. 

Pesquisas apontam que boa parte dos casos de depressão refratária se dá em decorrência do diagnóstico equivocado. Na verdade, alguns pacientes apresentam transtorno bipolar, mas são diagnosticados com transtorno depressivo maior e por conta disso manifestam uma má resposta ao uso de antidepressivos.

Indicação profissional

O uso desse tipo de medicamento só deve ser feito a partir da indicação de um médico psiquiatra, cirurgião ou clínico. Esses profissionais são os mais capacitados para fazer a utilização correta da medicação.

É importante que toda a equipe que está acompanhando o caso do paciente tenha um conhecimento mínimo sobre esse tipo de medicação, tendo em vista a importância de passar as informações corretas quando surgirem dúvidas com relação ao tratamento realizado. 

Qual a importância do apoio familiar?

Nos casos de dependência, é muito importante que a família busque informações sobre as reações e mudanças comportamentais e sociais que vão se manifestar no sujeito. Buscar entender esse quadro ajuda a evitar julgamentos e facilita a estruturação de uma rede de apoio adequada.

A presença da família no tratamento da dependência ou da depressão, é um aspecto que ajuda a manter o paciente motivado, aumentando a chance de sucesso do projeto terapêutico. 

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Tratamentos para a dependência em ketamina

O primeiro passo do tratamento para a dependência em ketamina é a desintoxicação, onde o paciente para de utilizar a medicação e vivencia o processo de limpeza do organismo.

Além disso, a psicoterapia também é realizada no tratamento associado ao uso de medicamentos para controlar os sintomas ansiosos provocados pela abstinência. Mudanças nos hábitos de vida com a prática de exercícios físicos, alimentação saudável e meditação podem ajudar durante o processo de reabilitação.

Em alguns casos a internação é a melhor opção. Na clínica recanto o paciente tem acesso a uma rede estruturada de profissionais de qualidade e um ambiente adequado para a estabilização de quadros psiquiátricos e dependência química. 

Conclusão

Como vimos, mesmo sendo considerada um tratamento revolucionário para os quadros depressivos, a ketamina pode trazer sérios efeitos negativos se o seu consumo não for realizado da maneira correta a partir da indicação de um profissional da medicina. 

Vale ressaltar que, tanto as drogas lícitas quanto as ilícitas podem trazer prejuízos para a saúde das pessoas que as consomem, por isso é importante ficar atento às dosagens e a frequência de uso desses medicamentos, com o intuito de minimizar os efeitos nocivos e maximizar os efeitos terapêuticos. 

O apoio familiar, a busca por informações, uma rede de tratamento bem estruturada e a motivação para a adesão às práticas de reabilitação são a chave para a recuperação do paciente, seja nos casos de dependência da ketamina ou na sua utilização como tratamento para a depressão.

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