Novamente estou aqui para discutir sobre o tema da dependência química, pois é um tema muito amplo e complexo, considero sempre necessário que o tema seja discutido e desmistificado.
Hoje abordarei o tema das clínicas para dependentes químicos, sobre seu funcionamento, para que serve, os tipos de tratamentos oferecidos nela, bem como outros tipos possíveis de tratamentos.
A importância do tratamento para dependente químico você entenderá após a leitura desse texto, o porquê é necessário um tipo de tratamento, como é o papel dos familiares e amigos da pessoa.
Debater sobre esse tema nunca é fácil, porém quanto mais se sobre discutir o tema, mais se verá que é uma doença que merece e precisa ser tratada, porém pelo desconhecimento de alguns, ainda acreditam que é por falta de vontade que a pessoa não deixa a substância.
Para entender melhor todo esse processo siga acompanhando até o fina!
O que é uma clínica para dependentes químicos?
Antes de entender o que é uma clínica de dependentes químicos, é preciso saber o que é um dependente químico, um dependente químico é alguém que já não tem controle sobre o uso de determinada substância, causam mudanças nas três áreas principais da sua vida, pois a dependência química se configura como uma doença biopsicossocial.
Biopsicossocial pois lhe trará danos físicos e biológicos bem como comorbidades, danos psicológicos podendo desenvolver transtorno mentais e prejuízos sociais, pois suas atitudes e comportamentos irão se transformar pouco a pouco até que ficará recluso socialmente e as pessoas que lhe amam estarão em dor e tristes.
Para uma doença tão complexa e preocupante é preciso tratamento especializado, e as clínicas de tratamentos para dependentes químicos surgem como uma ótima opção de tratamento.
Mas finalmente o que é uma clínica de dependência química? As clínicas se caracterizam como um espaço de recuperação, no qual todo o suporte e tratamento que for preciso é oferecido, com tratamento especializado e remoldando o sistema de crenças e valores do interno.
Pois além da distância física da substância, que garante menos tentação do que a pessoa fazendo um tratamento sem estar recluso se concentrando na sua recuperação, numa clínica o foco é completo na recuperação do paciente.
Qual o papel de uma clínica de reabilitação no tratamento de dependentes químicos?
Ao me perguntar qual o papel de uma clínica de reabilitação, consigo pensar em algumas respostas prontas, mas considero que o papel da clínica de reabilitação é de fato reorganizar a vida do paciente em todos os aspectos que tinham sido prejudicados.
A clínica vem como uma opção de tratamento, para desconstruir todo o processo criado pela dependência da substância, toda a rede feita em torno de droga precisa ser entendida, achando o porquê da necessidade dentro da mente da pessoa de consumir tal substância.
O porquê era melhor fugir da realidade do que a enfrentar, para depois que o paciente estiver se conhecendo melhor, começar a construir novos sistemas e valores para erguer novamente sua vida e poder conviver em sociedade.
Num tratamento com convivência em sociedade é muito difícil o paciente deixar de pensar na droga, de passar em lugares que lembram aqueles que ele se reunir para usar socialmente, os amigos que o incentivavam nessa vida, e várias outras tentações que buscam apenas um vacilo para levar a recaída.
E ai que entrar outro grande diferencial das casas de reabilitação, em quanto está lá o paciente aprende a como se controlar, a canalizar a vontade que sente para outros prazeres mais saudáveis como esportes, e poder viver uma vida com relativa tranquilidade.
A dependência química pode ser tratada?
Como você talvez deduza pelo tópico anterior, um tratamento para com a dependência química é possível e é eficaz.
Porém faz-se necessários tratamentos específicos, que serão discutidos mais adiante, bem como uma melhor explicação sobre o modelo de internação e quais modalidades ele comporta.
Uma clínica para dependentes químicos pode oferecer quais tipos de internações?
Nas clínicas de internações é comum que atendam em três modalidades, internação involuntária, internação voluntária e internação compulsória.
Essas são as três modalidades ou tipos permitidos por lei, cada um com suas características bem definidas.
Involuntária
A internação involuntária é uma opção quando a internação voluntária por algum motivo não é possível, pois, a involuntária é realizada a pedido de terceiros (em geral, familiares e amigos), já que a pessoa em questão põe em risco a sua vida e de outros.
Esse tipo de internação acontece, quando a pessoa não dá o seu consentimento para ser internado, mas percebe que a pessoa já não se encontra em condições de se autoavaliar bem.
Voluntária
A internação voluntária, é o tipo de internação que eu gostaria que sempre acontecesse, aqui a pessoa de livre vontade decide que não pode conviver mais na situação em que se encontra e solicita ajuda de tratamento especializado e decide se internar.
Compulsória
Esse tipo de internação não vem por solicitação da própria pessoa ou de algum terceiro e sim por determinação judicial, por meio de um juiz.
Através da análise de um laudo médico, produzido na maioria das vezes por um psiquiatra, que constata que sobre a influência das drogas a pessoa é um risco a si mesma e para a sociedade, necessitando de tratamento especializado.
O que a lei diz sobre internações de dependentes químicos?
A lei que relata sobre internações em situações de dependência química é a 13.840/19 que altera a antiga lei antidrogas 11.343/06, mas do que essa nova lei trata, é exatamente o que direi a seguir.
A partir dessa lei a internação involuntária passa a ser possível por terceiros e na ausência deles é possível um servidor público da área da saúde, assistência social ou esteja ligado Sisnad acionar a internação.
Esse tipo de internação poderá ter duração máxima de 90 dias, também estabelecendo que comunidades terapêuticas e hospitais gerais podem realizar as internações.
As internações e altas precisão ser informadas ao ministério público, a defensoria pública em até 72 horas.
Entre outras coisas, foi uma lei que reconheceu o papel das comunidades terapêuticas e clínicas de recuperação no tratamento da dependência química.
Além das internações, quais outras opções de tratamentos existentes?
Claro que o modelo de internação não é o único modelo de tratamento eficaz para a dependência química e muito dos que serão citados aqui, são usados em acompanhamento a internação.
Esses modelos de tratamento podem ser usados de forma independente ou de forma a associar mais de um deles, no momento entende-se que uma abordagem multiprofissional é mais aconselhável no caso da dependência química.
Logo é mais comum que veja tratamentos associados um ao outro e não apenas o uso isolado de cada um.
Medicamentos
O uso de medicamentos durante o tratamento de dependência química pode ter duas funções principais, pode ser usado para ajudar a controlar os sintomas da abstinência durante a desintoxicação e pode ser usado como tratamento das doenças de comorbidade da dependência, bem como de doenças hereditárias e adquiridas.
A desintoxicação é a etapa onde o dependente vai reduzindo gradualmente o uso da droga ou uma parada completa até o organismo se “limpar” e não sentir mais a necessidade do uso da substância.
Os medicamentos podem ajudar nessa etapa, ajudando a controlar os efeitos da abstinência causada pelo afastamento da droga, remédios como modafinil e topiramato são comummente usados para conter os sintomas da abstinência de cocaína.
Outros como fluoxetina e buspirona são usados para aliviar a abstinência de maconha, cada remédio é específico para uma droga, pois os efeitos da abstinência de cada droga podem ser diferentes e variar ainda de acordo com o organismo do paciente.
O outro uso que se torna cada vez mais comum é o uso de medicamentos para o tratamento de doenças congênitas (hereditárias) adquiridas, ou mesmo as comorbidades que vem da dependência química.
O uso de medicamentos dessa forma serve para o tratamento desde dor de cabeça ou até para amenizar os sintomas de transtornos mentais como depressão e esquizofrenia, diabetes, pressão alta, o tratamento dessas outras doenças ajuda ao paciente a se concentrar no tratamento da dependência química.
Psicoterapia
A psicoterapia se configura como um dos tratamentos mais confiáveis para a dependência química, pois nela serão trabalhadas as causas do que levou a pessoa a dependência, bem como o porquê a fuga realidade era buscada.
A psicoterapia é fundamental para descontruir as problemáticas e os valores criados durante o uso da substância, mas primeiro o psicoterapeuta age para que o paciente se conscientize de sua doença e de suas.
Após a conscientização a próxima etapa seria enfrentar as consequências desse problema, esse processo tende a acontecer gradualmente e varia de acordo com cada um.
O trabalho da psicoterapia é importante para o avanço de qualquer tratamento associado, pois após o paciente entender a dependência como um problema prejudicial, ele entenderá que a necessidade do tratamento e contribuirá para seu avanço.
A psicoterapia pode se dar por diversas abordagens, as mais comuns nesse meio são a psicanálise e a TCC (terapia cognitiva comportamental) e seus derivados.
A psicanálise costuma focar mais no passado do paciente, em especial a infância e nos conteúdos reprimidos no inconsciente, já a TCC se foca no presente do paciente e em reprogramar as crenças irracionais e os comportamentos e atitudes derivados dessas crenças.
Grupos de apoio
Os grupos de apoio já são conhecidos de alguns, principalmente os mais famosos como A.A (alcoólicos anônimos) e N.A (narcóticos anônimos).
Esses grupos como o próprio nome diz, tem como propósito dar suporte aquele que necessita, mas de que forma eles fazem isso?
Eles fornecem o suporte através do compartilhamento de experiências que são comuns no meio em que vivem, e geram identificação nas pessoas que lá vão, pois entendem que não estão a passar por aquilo sozinhos.
Além disso por meio do programa dos dozes passos lentamente a pessoa se dá conta de todo o prejuízo que trouxe para si e para os outros e entende que tem de reparar esses erros e repassar os ensinamentos para outros dependentes no futuro.
Esse processo de transformação é gradual, pessoal e espiritual, o programa dos dozes passos possui um processo regado a espiritualidade.
Como é feito o processo de desintoxicação em uma clínica de dependentes químicos?
O processo de desintoxicação é amplamente usado para iniciar o processo de dependência química, pois a maioria dessas substâncias que contém nas drogas afetam o sistema nervoso central, afetam funções importantes para o funcionamento do corpo.
Funções como memória, consciência, níveis de agressividade e irritabilidade, funções motoras, todas essas e muitas outras podem ficar comprometidas diante o uso de drogas psicoativas.
Portanto, é preciso estar o mais consciente e lúcido possível para prosseguir no tratamento, assim o processo de desintoxicação acontece mediante ao afastamento da droga até que o corpo se acostume a ficar sem ela.
Esse afastamento pode acontecer de duas formas, a primeira mais gradual onde vai reduzindo a quantidade da substância gradualmente até não usar mais, ou de maneira integral, desde o início sem acesso a droga.
Independente da forma em que for feita, esse processo deve ser acompanhado por uma equipe de médicos e profissionais da saúde para garantir a saúde do indivíduo.
Durante o processo de desintoxicação é possível fazer uso de medicamentos para controlar os efeitos da abstinência, medicamentos para controlar efeitos como ansiedade e estresse, o uso de terapia e afastamento para evitar locais de uso da droga.
Qual é a importância dos familiares e amigos durante o tratamento?
Alguns familiares e amigos acham que apenas internar a pessoa é a máxima ajuda que podem fazer, mas o acompanhamento do processo, visitas e auxílio nas horas que ele necessitar também fazem parte.
Para a pessoa que está internada, você comparecer, enviar um recado, mostra preocupação, já um sinal de que você quer que aquela pessoa se recupere.
Pois, muitos deles nos primeiros dias tendem a pensar que a família os abandonou ali, e esse não é o proposito, o proposito de qualquer tratamento em dependência química é reabilitar a pessoa a vivência em sociedade.
O familiar é o grande apoio que o dependente precisa para continuar no tratamento ou aumentar sua determinação para que fique estável e limpo por mais tempo.
Quanto custa em média um centro de reabilitação?
Como venho relatando mais recentemente, essa pergunta ainda carece de estudos amplos e nacionais que produzam respostas, o máximo que temos é análise de preços médios em certos estados.
Portanto, apenas posso falar daquilo que sei, e aqui na clínica grupo recanto o preço é alinhado mediante o processo de contrato, após o esclarecimento das dúvidas e definição do tipo de internação.
Também aceitamos a maioria dos planos de saúde no mercado.
Qual o período de tratamento em uma clínica para dependentes químicos?
O período de tratamento em clínicas de tratamento de dependência química, dependendo do modelo de tratamento, da estrutura oferecida, do tamanho da equipe multiprofissional que ali trabalha.
O período de tratamento costuma variar entre 3 meses de tratamento a 6 meses, nós da clínica grupo recanto adotamos o modelo de 6 meses de tratamento.
Esses 6 meses é tempo mínimo hábil para que o dependente químico desconstrua a ideia que tem sobre sua dependência, encare ela como uma doença e comece a moldar novos valores e crenças.
Onde encontrar uma clínica de tratamento para dependentes químicos?
Há vários meios de procurar por clínicas de tratamento, seja por sites de pesquisa como o Google ou mesmo pelas mídias sociais como facebook, instagram, youtube dentre várias opções.
O meio mais rápido e fácil é realizar uma pesquisa no Google, colocando clínica de tratamento de dependência química, clínica de reabilitação ou clínica de recuperação, e se colocar essas palavras-chave aliada ao nome do seu estado ou cidade, encontrará as clínicas mais perto de você.
Clínica grupo recanto
Aqui na clínica recanto possuímos uma ampla estrutura e profissionais das mais diversas áreas da saúde preparados para realizar o melhor tratamento possível.
Possuímos médico 24 horas, ambulâncias disponíveis para qualquer eventualidade, somos consideramos um hospital de pequeno porte e estamos em dia como todos os órgãos fiscalizadores.
Além de tudo isso nosso modelo de tratamento é diferenciado, se baseando num tripé: Aconselhamento biopsicossocial, TRE (terapia racional emotiva) e programa dos doze passos.
Aconselhamento biopsicossocial, consiste numa assistência humanizada e individualizada, ou seja, focado nos problemas de cada paciente, exclusiva para ele, procurando identificar e conscientizar dos problemas.
A terapia racional emotiva, é um modelo de psicoterapia focado nos problemas presentes do paciente, uma vez ciente do problema que tem, precisa de reformar suas atitudes, comportamentos e crenças, para que possa viver uma nova vida, e esse é justamente o papel dessa terapia.
O último que é o programa dos dozes passos, retirado dos grupos de apoio pela sua eficácia, é ótimo para dar um suporte maior ao dependente e ele entender que não está sozinho e que um processo de espiritualidade pode ajudar na construção de uma nova vida.
Conclusão
Acredito que após ver isso tudo, você agora tenha uma ideia de como é uma clínica para dependentes químicos, como é o processo de funcionamento, bem como outras dúvidas.
O processo de construção de conhecimento é contínuo, então sugiro que continue lendo nosso blog para mais conteúdo como esse e de outros temas como clínica psiquiátrica.
Portanto, espero que suas dúvidas tenham sido sanadas, as que não foram que você possa encontrar a resposta através de nosso blog, e que mais importante na necessidade de uma clínica para dependência química, você possa pensar no grupo recanto como referência.
Até a próxima e nos vemos em breve!
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.