Apesar de carregar uma conotação negativa, o termo “clínica para drogados” é bastante utilizado e revela a busca por tratamento para um dependente químico.
No fim das contas, recorrer a essa ajuda é o primeiro passo para gerar uma mudança no ciclo de abuso de substâncias como álcool e drogas. Ou seja, é algo a ser incentivado.
É por isso que, ao longo deste artigo, falo sobre as principais informações sobre o que são e como funcionam os espaços de reabilitação, trazendo exemplos da minha experiência aqui no Grupo Recanto.
Convido você a seguir na leitura do artigo e tirar as suas dúvidas sobre o tema.
O que é e como funciona uma clínica para drogados
Uma clínica de reabilitação (popularmente chamada de clínica para drogados) é um espaço pensado para promover a recuperação e a saúde dos pacientes que sofrem com um quadro de dependência química e precisam de ajuda especializada.
Isso pode significar desde o acompanhamento multidisciplinar de rotina, com consultas e sessões de aconselhamento, até a necessidade de uma internação, quando outras alternativas já foram esgotadas.
O modo como a unidade é estruturada pode variar, assim como as abordagens profissionais utilizadas.
Nas clínicas do Grupo Recanto, a estrutura e o tratamento são os mesmos para todos os pacientes.
Para que a experiência seja positiva, no entanto, é importante que os preconceitos não estejam presentes e que a família e o paciente possam se sentir verdadeiramente acolhidos.
O momento já é complexo o suficiente. Por isso, quanto menos dificuldades adicionais surgirem no caminho, melhor.
Então, não importa se você é dependente químico ou se possui um familiar nessa situação.
Em qualquer um dos casos, eu diria que o primeiro passo para avançar é aceitar que o problema existe e que ele pode ser superado com suporte especializado.
E isso você encontra em uma clínica de reabilitação – ou clínica para drogados, caso prefira chamar assim.
Quais são os benefícios em internar um dependente químico em uma clínica
Enquanto opção de tratamento, a internação do dependente químico pode trazer inúmeros incentivos para que o uso do álcool e de outras drogas seja deixado para trás.
A seguir, listei três deles que considero como centrais de todo o processo.
Proposta de desintoxicação
Como já comentei, a desintoxicação não é uma etapa simples.
Ela envolve conviver com a abstinência e os seus efeitos, que podem ser bastante presentes.
Quando isso acontece em um clínica de reabilitação, o processo é acompanhado de perto por quem entende do assunto.
Muitas vezes, pode ser necessário utilizar medicamentos para controlar os sintomas e garantir mais segurança ao paciente, o que só pode ser feito por um médico.
Depois de concluída a desintoxicação do organismo, o tratamento não termina (afinal, o acompanhamento precisa ser contínuo), mas uma importante etapa vai ter sido vencida.
Acompanhamento profissional
O acompanhamento profissional, aliás, é um dos pontos mais importantes da internação.
Como estamos falando de pacientes que exigem cuidados intensivos, ter alguém 24 horas por dia para acompanhar a evolução do quadro e os eventuais percalços faz toda a diferença.
É também sobre humanizar o processo e oferecer o que a medicina tem de melhor para ajudar na luta contra a dependência.
Tratamento de todas as perspectivas
Além de desintoxicar o organismo, o paciente internado precisa trabalhar na sua recuperação em diversas perspectivas: emocional, física e também social.
Esse trabalho permite que o indivíduo tome consciência da própria trajetória e entenda como o uso de drogas trouxe impactos negativos para a sua vida e daqueles que ama.
É um processo de aceitação, reconhecimento e ação para mudar a realidade, sempre acompanhado de perto por especialistas.
Quais são os tratamentos disponíveis em um clínica para dependentes químicos
Ainda que a associação mais comum às clínicas de recuperação seja com a internação, esse não é o único tipo de serviço oferecido. Para ficar mais claro, vou falar dos tipos de tratamento disponíveis nas unidades do Grupo Recanto.
Acompanhamento para dependência química
Quando a dependência química se transforma em uma realidade, o seu enfrentamento pode parecer uma batalha perdida.
Já vi esse sentimento refletido na expressão de muitos pacientes e familiares que passaram por aqui.
Mas, da mesma forma como as doenças crônicas são tratadas e controladas, o mesmo pode ocorrer com o uso abusivo de álcool e drogas.
No Grupo Recanto, o método de tratamento foi criado a partir de protocolos com respaldo científico.
Ele prevê uma abordagem humanizada e individualizada do paciente, na qual são considerados os contextos biológico, psicológico e social.
É o que se chama de abordagem biopsicossocial, que permite olhar para as especificidades para entender a trajetória do indivíduo, as suas dores e perspectivas.
Isso leva o paciente a alcançar um estado de consciência que ajuda a entender o seu problema e as limitações criadas pela doença.
Também é adotado o método de terapia racional emotiva (TRE), no qual o dependente químico é ensinado a lidar com as expectativas criadas com base em crenças irracionais, tornando-se menos vulnerável às armadilhas criadas pelas próprias emoções. O fio condutor para todo esse tratamento é o Programa dos 12 Passos, criado nos Estados Unidos em 1935 para o tratamento do alcoolismo e, hoje, amplamente utilizado para lidar com diferentes compulsões.
Tratamento ambulatorial
Algumas clínicas oferecem tratamento ambulatorial.
O objetivo é, encontro após encontro, chegar à origem do trauma que desencadeou a dependência química.
No Grupo Recanto, o foco vai para a internação (tratamento sobre o qual comento a seguir), mas é possível encaminhar o paciente também para a psicanálise, se assim desejar.
Vale destacar, porém, que a abordagem da psicanálise não exclui o acompanhamento específico para a dependência química.
Internação
Ainda que a internação seja um recurso recomendado quando outras alternativas não se mostraram eficazes, ela pode ser uma aliada importante para mudar o cenário de vez e trilhar um caminho de recuperação.
Ela é recomendada para casos mais graves, que necessitam de cuidados intensivos.
Trata-se de uma oportunidade de resgate que, quando conduzida de maneira séria e com a estrutura adequada, oferece resultados.
No caso dos centros de tratamento do Grupo Recanto, a aposta é utilizar espaços aconchegantes, construídos em áreas arborizadas.
O objetivo é permitir que etapas como a de desintoxicação, que pode ser tão difícil para o paciente, sejam desenvolvidas com o máximo de suporte e tranquilidade.
Outro ponto crucial é a disponibilidade de uma equipe multidisciplinar especializada no assunto.
Quais são os sinais que apontam a internação como o melhor tratamento para o drogado
Como comentei, a internação não deve ser a primeira alternativa considerada para o tratamento do dependente químico.
No entanto, quando outros modelos terapêuticos já foram adotados e não houve melhora, pode ser necessário considerar a opção.
Outro ponto importante é avaliar a presença de crises constantes e prejuízos severos tanto em termos de saúde quanto na vida social e familiar.
O ponto central de internar alguém que faz uso abusivo de álcool e drogas é permitir que o tratamento seja conduzido em uma ambiente tranquilo, que ofereça condições e segurança para o paciente.
Com a crise estabilizada, fica mais fácil dar seguimento a outras medidas menos invasivas de suporte.
Como escolher a melhor clínica de reabilitação para dependentes químicos
Todo o processo só vai ser efetivo se realizado em uma instituição séria, que ofereça estrutura, comprometimento e profissionais qualificados.
A minha primeira dica é, então, separar um tempo para realizar uma pesquisa.
Verifique as opções disponíveis e faça um levantamento das características delas.
Você conhece, por exemplo, alguém que já tenha sido internado na clínica?
Qual é a avaliação das pessoas sobre ela?
Em termos legais, todos os documentos necessários estão regularizados?
Buscar respostas para essas e outras perguntas é o passo inicial para garantir a escolha de um lugar que realmente promova a reabilitação do paciente e seja um espaço seguro.
Em seguida, é indispensável visitar o local para conhecer a estrutura física e saber mais sobre os métodos terapêuticos adotados.
Ao entender os processos e conhecer o objetivo de cada um deles, fica mais fácil desenvolver a confiança necessária.
Como diretor do Grupo Recanto, sempre defendo a importância de ir em busca do que existe de mais inovador na área da saúde, sem abandonar um princípio central: o de defender a valorização e o respeito ao ser humano.
Na prática do dia a dia, isso significa compreender as individualidades, o ambiente sociocultural no qual o paciente sempre esteve inserido, as suas vulnerabilidades e também potencialidades.
Outras dúvidas frequentes sobre clínicas para drogados
Quando o assunto é clínica de recuperação, são inúmeras as perguntas que aparecem repetidamente.
A seguir, trago as respostas para três das mais comuns.
Quais são os tipos de internação disponíveis?
Atualmente, a legislação prevê três tipos diferentes de internação.
A mais comum delas é a voluntária, que ocorre com o consentimento do paciente.
Ou seja, ele entende que precisa de ajuda especializada, concorda com o tratamento e assina uma declaração, por livre e espontânea vontade, de que deseja ser internado.
Outro modelo é a internação involuntária, que ocorre sem o consentimento do paciente e a pedido de terceiros.
Ela pode ser solicitada em casos mais extremos, quando o paciente já perdeu a capacidade de tomar decisões e ponderar sobre o risco que representa para si e para as pessoas ao seu redor.
O mais comum é que a solicitação seja feita por familiares ou por um responsável legal.
Na falta deles, a legislação vigente permite que servidores das áreas da saúde, assistência social ou de órgãos vinculados ao Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad) realizem o pedido.
Em qualquer um dos casos, é preciso seguir o protocolo de realizar o pedido por escrito, que é analisado pelo médico responsável.
Caso o pedido seja aceito, o estabelecimento tem uma prazo de até 72 horas para informar o Ministério Público do estado em questão sobre a internação e os motivos para que ela aconteça.
Por fim, há a internação compulsória, que é a menos comum entre as três.
Ela ocorre a partir de medida judicial e independe da vontade expressa do indivíduo ou da sua família.
Em geral, é a resposta do juiz a uma solicitação de caráter médico, feita por um especialista.
O dependente internado pode receber visitas?
Não existe uma definição específica que diga se o paciente pode ou não receber visitas, ainda que a prática seja bastante comum.
Em alguns casos, o que pode acontecer é a existência de uma orientação médica para evitar contatos que possam despertar gatilhos ou a agressividade no paciente.
Então, a não ser em casos muito específicos, o contato com a família não só é permitido como também incentivado.
Nas unidades do Grupo Recanto, por exemplo, a ideia é que seja construída uma relação amistosa e de diálogo entre os profissionais envolvidos no tratamento, o indivíduo e a sua família desde o início.
Esse contato fortalece os vínculos e permite estabelecer uma relação baseada na escuta, que sempre tende a ser mais sólida e a render bons resultados.
Quanto tempo o dependente fica internado?
Essa é uma das primeiras perguntas que os familiares costumam fazer, na ânsia por ver a pessoa que amam recuperada.
No Grupo Recanto, o método de tratamento prevê uma abordagem biopsicossocial por 6 meses (180 dias).
Esse prazo foi definido ao longo de anos de prática e com base em contribuições científicas para os melhores resultados.
Conclusão
Tomar a decisão de recorrer a uma clínica de reabilitação não costuma ser escolha fácil para o paciente e para a sua família.
Por outro lado, é um passo importante para admitir que a dependência química é um problema e que precisa de tratamento.
Como mostrei no artigo, nem sempre a internação é uma medida que se impõe.
Porém, quando indicada, ela pode fazer toda a diferença na recuperação.
Se você ainda está com dúvidas sobre o assunto e deseja conversar, preencha o formulário abaixo e aguarde o contato da equipe de especialistas do Grupo Recanto.
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.